domingo, 23 de março de 2014

Wagner diz que não havia contrato e contradiz declarações de Dilma

Fernando Duarte - A Tarde (BA)

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), negou a existência de contrato quando o conselho de administração da Petrobras tomou a decisão de comprar a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

"Em fevereiro de 2006, nem contrato existia. Se tomou uma decisão estratégica de comprar uma refinaria nos Estados Unidos", afirmou Wagner, à época ministro de Relações Internacionais do governo Lula e membro do conselho.

A afirmação contesta a declaração da presidente Dilma Rousseff de que o resumo executivo elaborado pelo diretor da área internacional da Petrobras era "técnica e juridicamente falho".

"Eu não vi nada de errado na decisão de 2006. Eu insisto que a decisão é macro, nunca desceu a detalhes de ver cláusula por cláusula de um contrato desses", disse o governador. Para ele, a decisão unânime sinaliza que, naquele momento, a aquisição era uma boa opção.

"Eu participei de uma votação que decidiu estrategicamente o interesse da Petrobras de ter uma posição no mercado americano. Essa posição se consolidou na refinaria de Pasadena. Um conselho de administração não vai ler um relatório de três mil páginas", justificou.

Wagner não criticou diretamente as declarações da presidente ou do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, hoje secretário de estadual Planejamento. O governador disse defender a apuração do caso. "Será investigado se teve problema na concretização do contrato. Vamos esperar", assinalou.

Para ele, a oposição faz o seu papel ao tentar capitalizar politicamente o desencontro de informações sobre a compra da refinaria norte-americana.

"Não vejo como estratégia dela, mas é claro que a oposição vai se aproveitar disso para produzir desgaste", disse, ressaltando que o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal já avaliavam se houve dano à coisa pública.

Comissão
Em Brasília, partidos de oposição vão se reunir terça-feira para articular estratégia para emplacar a CPI da Petrobras no Congresso.

O encontro será liderado pelo provável candidato à presidência e senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP).

O tucano defendeu na quinta-feira a criação de uma CPI mista para aprofundar as investigações sobre a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal brasileira.

"Aqueles da base do governo que dizem querer investigar essa questão e que já nos ajudaram a aprovar a comissão externa envolvendo outras denúncias na Petrobras, como no pagamento de propina por parte de uma empresa holandesa, esperamos que possam nos ajudar para que essa questão seja esclarecida", declarou.

Para ser instalada, a CPMI precisaria das assinaturas de 27 senadores e de 171 deputados. O jornal O Estado de S.Paulo revelou que, em 2006, a presidente Dilma Rousseff, então ministra e presidente do conselho de administração da Petrobras, votou a favor da compra de 50% da refinaria americana.

Ao justificar seu voto, Dilma disse que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". A Petrobras acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão na operação.

No mesmo dia em que Aécio "convocou" o "blocão" dos deputados insatisfeitos com o governo a trabalhar pela criação da comissão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se mostrou contra a iniciativa. "Não sou favorável a partidarizar. Mas se o governo não apurar direitinho, abre espaço (para CPI)", disse.

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