sexta-feira, 18 de abril de 2014

Aécio defende fim de divisão ‘nós’ e ‘eles’ na política em campanha exibida nesta quinta

Presidenciável comenta crise na Petrobras e passa 3 dos dez minutos do programa falando de seu avó Tancredo Neves

Flávia Pierry, Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA – No programa do PSDB que vai ao ar nesta quinta-feira em rede nacional de rádio e TV, o senador Aécio Neves (MG), pré-candidato à Presidência da República pelo partido, menciona a Petrobras e a Eletrobras e diz que é preciso acabar com a divisão entre “nós” e “eles” que está sendo vista no país quando o assunto é a política e economia. O formato escolhido é o de entrevista, mais sóbrio e sem imagens de apelo ou jingles. O senador se expressa livremente, sem texto pré-definido, e investe mais nas críticas ao governo atual do que na apresentação de seu programa de governo.

O presidenciável cita no programa os problemas com a Petrobras, a Eletrobras, a transposição do São Francisco, a Transnordestina, a inflação, a falta de diálogo e as manifestações que começaram em junho de 2013.

— Vamos virar essa página, dessa tentativa de fazer sempre uma divisão entre nós e eles. Aqueles que criticam o governo, aqueles que se indignam, como eu estou indignado e acho que tantos brasileiros, com o que está acontecendo com a Petrobras, com o que está acontecendo com a Eletrobras, o que está acontecendo com o Estado brasileiro, são os pessimistas, são os que não gostam do Brasil. E os que bajulam o governo são os patriotas. Nada disso — diz Aécio, em trecho da propaganda que vai ao ar amanhã.

O tucano, apresentado em legenda como "O novo presidente do PSDB", passa quase 3 dos seus 10 minutos disponíveis falando de seu avô Tancredo Neves. Somente depois dessa apresentação Aécio começa a falar de sua carreira política, passando pela presidência da Câmara e pelos dois mandatos como governador de Minas Gerais. Diz que trabalhou pela redução da máquina pública, pela responsabilidade fiscal e ataca o governo Dima:

—O problema não é o Brasil, é o governo que está aí (…) Andei muito pelo Brasil e continuo andando, querendo conversar, querendo ouvir. Não há nada mais perigoso que um governo que não ouve as pessoas (...) Pude perceber de forma muito clara até onde vai a ineficiência do governo.

O responsável pela campanha do PSDB, o marqueteiro Paulo Vasconcelos, afirmou que o formato escolhido para o programa, que terá dez minutos, foi o de uma entrevista. Sem cortes na fala do senador, o depoimento de Aécio é somente intermeado por explicações que aprofundam os assuntos tratados e formulam as perguntas.

— Minha preocupação foi deixar o senador o mais livre possível para se manifestar. Escolhemos o formato de entrevista, nossa preocupação foi evitar cortes e deixar que o pensamento dele fosse livre. É uma peça simples, sem trucagem publicitária. Isso deu a ele uma liberdade maior. Não tem teleprompter, nem direção de texto — disse Vasconcelos. — Os dez minutos correm de uma só vez, e para facilitar a compreensão do cidadão, colocamos algumas perguntas, deixas para o assunto que vem em seguida – explicou.

O vídeo foi gravado há cerca de uma semana, quando já estava deflagrada a crise na Petrobras, com tentativas já em curso de abertura de CPIs sobre a compra da refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, e a prisão de um ex-diretor da estatal. Porém, a peça foi gravada antes dos depoimentos da presidente Graça Foster e do ex-diretor da área Internacional da empresa, Nestor Ceveró, a parlamentares.

Outros assuntos econômicos são citados pelo senador no filme, como os debates sobre a redução de energia e a ajuda do governo federal dada às distribuidoras, entre elas a Eletrobras. O responsável pela campanha destaca que o tema Petrobras foi aprofundado por Aécio no filme, mas que Eletrobras e o setor elétrico não foram explicados com mais profundidade.

— Apostamos no carisma do senador, na capacidade dele de se colocar junto ao cidadão. Alguns temas ele aprofunda, como Petrobras, mas Eletrobras não — disse.

A opção pela sobriedade no vídeo – sem jingles ou ilustrações e em formato de entrevista – se assemelha ao que foi escolhido pela campanha do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e sua vice, Marina Silva, em filme exibido na semana retrasada. Todo em preto e branco, o vídeo do PSB e da Rede não contava com músicas ou imagens de apelo emocional. Porém, o coordenador da campanha tucana evita comparações.

— O estilo não é parecido, há uma diferença grande — afirma Vasconcelos.
Aécio vem se manifestando sobre a crise na Petrobras. Anteontem, após audiência de Graça Foster, no Senado, Aécio disse que a governança da estatal está em xeque. Para o tucano, Graça Foster tem idoneidade, mas deu autonomia excessiva aos diretores, que cometeram erros.

— A governança da Petrobras está em xeque, assim como os fatos pontuais. Ela deixou claro que foi um mau negócio (a compra da refinaria em Pasadena). Acho que ela estimula (a instalação de uma CPI). Ninguém questiona a Graça Foster na sua competência, na sua idoneidade. Mas, na governança, é falha, com diretores que tomam decisões com autonomia — disse Aécio.

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