quinta-feira, 3 de abril de 2014

Dilma mente? Conselho recebeu contrato de Pasadena 15 dias antes, diz advogado de ex-diretor

Apontado por Dilma como autor de 'relatório falho' que fundamentou compra da refinaria, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró irá à Câmara no dia 16 para prestar esclarecimentos; informação é questionada por um dos conselheiros da estatal

Vinicius Neder - O Estado de S. Paulo

RIO - O advogado do ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira, 2 que os membros do Conselho de Administração da Petrobrás receberam, com 15 dias de antecedência, a cópia da proposta de contrato para a compra de metade da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), da trading belga Astra Oil. A informação, entretanto, é questionada por um dos conselheiros da estatal.

Nestor Cerveró era diretor da área internacional da Petrobrás em fevereiro de 2006, quando o Conselho de Administração, presidido pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, aprovou a negociação. Ele é autor do resumo executivo classificado por Dilma como "incompleto" e "jurídicamente falho", que teria fundamentado a decisão do conselho.

Ao todo, a Petrobrás pagou US$ 1,2 bilhão, em duas etapas, para comprar uma refinaria que, em 2005, custou US$ 42,5 milhões à Astra Oil – quase 28 vezes menos.

O diretor deixou a Petrobrás em abril de 2012, sendo nomeado para a diretoria da BR Distribuidora. Após a repercussão negativa do caso, ele foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora no dia 21.

Contraponto. Na tarde desta quarta-feira, o empresário Jorge Gerdau, um dos membors do Conselho de Administração que aprovou a negociação, questionou a afirmação de Cerveró. "Ao contrário do que foi informado, Jorge Gerdau Johannpeter esclarece que o contrato de compra da refinaria de Pasadena não foi enviado previamente para avaliação do Conselho de Administração da Petrobras", afirmou, por meio de nota.

O advogado de Cerveró informou ao Estado que está confirmado para o próximo dia 16, o depoimento de seu cliente na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em Brasília. "Ele não se conforma e está indignado de ser colocado como bode expiatório", afirmou Ribeiro.

Na terça-feira, 1º., o advogado de Cerveró esteve em Brasília e, no Congresso, entregou uma carta na qual o cliente se coloca a disposição para prestar esclarecimentos. À Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF), entregou uma petição de mesmo teor, colocando-se à disposição para prestar esclarecimentos aos inquéritos em aberto.

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