quinta-feira, 17 de abril de 2014

Divergência entre Graça e Cerveró faz oposição reforçar pedido de CPI

Petista afirma que ex-diretor da Petrobras deu todas as informações necessárias e não desmentiu Dilma

Washington Luiz - O Globo

BRASÍLIA - As contradições nos depoimentos do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e da presidente da estatal, Graça Foster, reforçaram, para a oposição, a necessidade de se instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue a compra da refinaria Pasadena, no Texas. Ao dizer que a aquisição não foi um mau negócio e que todo o Conselho Administrativo tinha conhecimento do negócio, Cerveró agradou aliados do governo, mas não conseguiu impedir os ataques da oposição.

Após ouvir o ex-diretor na Comissão de Fiscalização e Controle, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), afirmou que os desencontros de informações prejudicaram os esclarecimentos sobre a compra da refinaria:

— Reforça a necessidade de uma CPI. As versões são contraditórias, conflitantes. Há um jogo de empurra-empurra, cada um tira a sua responsabilidade e fica essa manipulação. Só essa audiência não será suficiente.

 A presidente Dilma diz que não foi informada. Cerveró garante que passou todos os documentos para o Conselho Administrativo. Quem está mentido? Não vai ser essa audiência pública que vai responder tudo — defendeu Mendonça.

O deputado Fernando Ferro (PT-PE) disse que as explicações foram satisfatórias e enfraqueceram o argumento da oposição:

— A oposição queria que ele desmentisse a presidente Dilma e não conseguiu. Estão querendo comparar uma compra feita há oito anos com uma feita hoje. É como querer comprar uma radiola sendo que atualmente já existem pendrives. Estou certo de que o Cerveró forneceu todas as informações que eram precisas, se elas chegaram até a presidente Dilma, é outra história. Outra investigação — argumentou.

Durante a sabatina, os deputados Domingos Sávio (PSDB-RJ) e Edson Santos (PT-RJ) se desentenderam. Para o petista, a oposição queria "constranger" o ex-diretor da Petrobras. Sávio alegou que Cerveró não respondeu às questões de forma esclarecedora:

— É um teatro. Ele (Cerveró) insistiu em vir aqui para se defender e nós já sabíamos que não ia dar em nada. O que se pode concluir é que não dá para a presidente Dilma sustentar que foi enganada. Está bem claro que todos sabiam de tudo.

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