segunda-feira, 21 de abril de 2014

Fogo amigo de Gabrielli

Étore Medeiros - Correio Braziliense

O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, apontou a presidente Dilma Rousseff como uma das responsáveis pelo processo de aquisição da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. À época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal. “Eu era o presidente da empresa. Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era a presidente do conselho”, disse Gabrielli, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Gabrielli reconheceu que as cláusulas put option e marlin foram omitidas, mas disse que a presença dos dois itens no contrato “não era relevante para a decisão do conselho”. Tese que se choca com a defendida pela atual dirigente da empresa, Graça Foster, e pela presidente Dilma Rousseff.

“A primeira conclusão é a de que, diante dessas fraturas expostas de opiniões, a CPI se impõe mais do que nunca. Afinal, com quem está a razão? Quem sabia ou não sabia? Quem operou o negócio? Foi correto ou não?”, questiona o senador José Agripino (DEM-RN). O ex-presidente da Petrobras “é uma figura importante como depoente”, pois “sabe o que está dizendo”, acredita o parlamentar, que defende a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a estatal.

Ingenuidade
“Sinceramente, acho que tanto Gabrielli quanto a própria presidente (Dilma) entraram ingenuamente na pauta da oposição, o que favorece Aécio (Neves, pré-candidato do PSDB) e (Eduardo) Campos (pré-candidato do PSB)”, lamenta o vice-líder do PT no Senado, Aníbal Diniz (AC). Ele classifica a nota da Presidência da República como um “excesso de zelo” que acabou por trazer “à baila um assunto que não estava em pauta”.

Gabrielli classificou a atuação da oposição como uma “campanha irresponsável contra a Petrobras”, motivada por “interesses eleitoreiros combinados com alguns interesses muito mais complicados”. “Quem, hoje ataca a Petrobras também ataca o modelo de partilha (do petróleo) e o conceito de que a companhia deve ser a operadora do pré-sal”, completou.

Diniz ainda acrescenta ao discurso uma acusação contra a oposição, de que o interesse em “desmerecer” a petroleira serve “para que suas concorrentes ganhem fôlego e, depois, a Petrobras seja posta à venda com valor de mercado inferior”. José Agripino rebate. Ele classifica esse tipo de ataque como “uma velha tática do PT”: “Um diz que não sabia de nada, o outro se faz de desentendido... em vez de se aterem aos fatos, colocam a culpa em quem tem obrigação de fiscalizar e denunciar, que é a oposição”.

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