quarta-feira, 9 de abril de 2014

Prolongamento do caso Vargas pode afetar Dilma, Padilha e Gleisi Hoffmann

Dirigentes do PT e o Planalto receberam com “grande alívio" a licença de André Vargas

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA — Preocupados com o potencial estrago de um escândalo em ano eleitoral, o Palácio do Planalto e a cúpula do PT passaram a pressionar André Vargas (PT-PR) a renunciar ao mandato depois que foram reveladas, no fim de semana, novas trocas de mensagens entre ele e o doleiro Alberto Youssef, reforçando suspeitas de intermediação de negócios no Ministério da Saúde.

A preocupação principal é com o desgaste para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff; mas também com a de Alexandre Padilha para o governo de São Paulo — ele comandava o Ministério da Saúde enquanto Vargas defendia interesses de Yousseff na pasta —; e da senadora Glesi Hoffmann ao governo do Paraná.

“Alívio” com licença
Dirigentes do PT e o Planalto receberam com “grande alívio" a licença de Vargas, mas preferiam que ele renunciasse ao mandato para tentar esfriar o assunto. Lideranças petistas argumentam que essa saída seria melhor para o próprio deputado, mas, até a noite desta terça-feira, ele resistia.

Questionado no início da noite desta terça-feira se renunciaria ao mandato, Vargas respondeu por mensagem de texto:

— Não.

No PT, no governo e na base aliada ninguém tem confiança de que não surgirão fatos novos contra Vargas. Isso porque, na semana passada, ele havia garantido que não havia nada além do jatinho que pediu ao doleiro para viajar com a família para João Pessoa no início do ano, e das trocas de mensagem que já haviam sido reveladas sobre um contrato para fornecimento de medicamentos para o Ministério da Saúde.

Outro fator que gera insegurança no governo e no PT é a linha de defesa de Vargas, que se contradisse sobre o uso do jatinho. Primeiro, ele afirmou que tinha reembolsado o valor do combustível, depois recuou e reconheceu ter viajado de graça.

O vice-presidente da Câmara estava disputando com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) a vaga de senador na chapa de Gleisi ao governo do Paraná. Assim como deputados federais, ele estava rodando o estado em agenda com a pré-candidata. No entorno da senadora, o desgaste é considerado inevitável.

Ela tentou minimizar esta terça-feira o impacto do escândalo em sua candidatura, afirmando que a campanha ainda não começou, que não daria para fazer uma avaliação, e tentou se descolar do problema:

— Cada um tem que ser responsável por seus atos, a população vai compreender. Já foi importante ele pedir afastamento (do mandato).

A pré-candidata petista, no entanto, já espera a exploração do assunto na campanha eleitoral.

— A oposição vai usar o que estiver a seu alcance para tentar nos desgastar, assim como faz no plano federal. Cabe a nós prestar os esclarecimentos — disse Gleisi.

A oposição, entretanto, está cautelosa. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que disputará a reeleição, não quis falar sobre o assunto esta terça-feira.

Assim que a relação entre Vargas e o doleiro veio à tona, o presidente do PT, Rui Falcão, já deixou claro que esse era um problema pessoal do deputado, e não uma questão do partido. Com o surgimento de novos fatos, o PT pressiona pela renúncia para tentar reduzir a agenda negativa associada à legenda.

Vargas teve a solidariedade da bancada petista em um primeiro momento, mas, com o aprofundamento da crise, deputados do PT jogaram a toalha e defendem sua renúncia para evitar a contaminação das candidaturas estaduais e nacional.

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