sexta-feira, 18 de abril de 2014

Queda de Dilma não reflete na oposição, avalia especialista

Para cientista político Victor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, há pouco espaço para uma terceira via, como pretende o pré-candidato Eduardo Campos

Letícia Sorg - Agência Estado

A oscilação negativa da intenção de voto da presidente Dilma Rousseff (PT) não se reverteu em um aumento da preferência do eleitorado para os pré-candidatos de oposição. "Dilma tem uma oscilação negativa que é significativa, porque pode indicar uma tendência de queda, mas o que a gente vê é uma estabilidade cômoda das candidaturas de oposição", afirma o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC, aoBroadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado.


Segundo o especialista, no retrato exibido nesta quinta-feira, 17, pela pesquisa Ibope, é interessante notar que, apesar de ter um desempenho melhor do que o de Eduardo Campos (PSB), a ex-senadora Marina Silva (PSB) não parece conseguir extrair votos nem de Dilma nem de Aécio Neves (PSDB). Marchetti também chama atenção para o fato de que votos brancos, nulos e indecisos somam 37%, o mesmo porcentual de intenção de votos da favorita, Dilma Rousseff.

Diante desse cenário, o cientista político acredita que há pouco espaço para uma terceira via, o objetivo de Campos. "É bem possível que ainda tenhamos uma eleição no padrão dos anos anteriores, em que o PSDB e o PT dividiram boa parte dos votos", disse Marchetti.

Ele lembra que mais da metade dos votos válidos tem se concentrado nas candidaturas dessas duas siglas desde 1994 e que, considerando as pesquisas recentes, uma alternativa a essa polarização não se consolidou. Para ele, o discurso de esgotamento da polarização está "mais no Facebook do que nas urnas".

Marchetti pondera, porém, que ainda é cedo para avaliar os potenciais de cada candidato, até porque o eleitor ainda não entrou na campanha. "As pesquisas apontam tendências, que definem a maneira como o eleitor vai entrar na campanha. E, neste momento, elas mostram que a polarização vai imperar", afirmou. "O eleitor ainda está funcionando de modo antagônico, fazendo a polarização. E Dilma ainda está numa posição confortável, mesmo com as quedas e com um cenário não tão positivo quanto antes."

Para o especialista, as pesquisas mostram o tamanho da tarefa que Campos terá pela frente até outubro. "A candidatura de Campos não é tão fraca a ponto de não levar a eleição para o segundo turno, mas vai ter muito trabalho para ir para esse segundo turno", avaliou.

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