domingo, 11 de maio de 2014

Dilma esvazia órgão criado para empresários

• Presidente esteve em só 2 das 16 reuniões com empresários; encontros não ocorrem desde dezembro

• Integrantes dizem que órgão atingiu apenas 10% do seu potencial e não avançou no campo da competitividade

Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Parada desde o final do ano passado, a Câmara de Gestão e Competitividade da Presidência da República virou motivo de frustração para seus membros, quatro empresários escolhidos pela presidente Dilma Rousseff.

Apesar de afirmarem que a câmara desenvolveu trabalhos relevantes em gestão, seus integrantes dizem que ela atingiu apenas 10% do seu potencial e não avançou no campo da competitividade.

Em conversa com interlocutores, um dos quatro empresários da Câmara --Jorge Gerdau, Abilio Diniz, Antônio Maciel e Phillipe Reichstul-- considerou que foram delegadas à câmara questões burocráticas e de processos internos do governo, mas quase nada nas áreas de competitividade e macroeconômica.

Segundo ele, o órgão, de aconselhamento da presidente Dilma, poderia ter "produzido coisa maior".

Outro integrante comentou que a câmara teve "resultado melhor do que eu imaginava, mas pior do que eu gostaria", queixando-se de que temas relacionados a investimentos e ambiente econômico praticamente não apareceram.

O órgão gostaria, por exemplo, de ter avançado na discussão de uma reforma tributária e na definição de regras para atração de investimentos. Chegou a discutir a reformulação do PIS/Cofins, mas o projeto foi engavetado pela Fazenda por restrições fiscais.

A última reunião foi em 13 de dezembro, sob comando de Gleisi Hoffmann, ainda ministra da Casa Civil.

Ao todo, foram 16 reuniões desde a criação. A presidente esteve presente em apenas duas, algo que é alvo das queixas dos empresários.

Um deles lembra que, no discurso de instalação da Câmara, a presidente disse que "meu compromisso é acompanhar pessoalmente os programas aqui concebidos".

Salto
A expectativa, segundo ele, era que a presidente seria mais presente nos trabalhos da Câmara, classificada por ela, no dia da instalação, de "muito importante" para o país dar um "salto em direção ao crescimento e desenvolvimento sustentável".

Outra ausência criticada nas reuniões foi a do ministro Guido Mantega (Fazenda), que também participou de poucas reuniões. Elogios foram feitos a Gleisi e Miriam Belchior (Planejamento). As duas, segundo os membros da câmara, eram assíduas nas reuniões e buscavam usar os encontros para desenvolver projetos na área de gestão.

O comando do órgão, ideia da presidente, foi entregue a seu amigo Gerdau, que foi a "inspiração" do projeto pela sua defesa de melhoria dos métodos de gestão.

Segundo relatório elaborado pelo órgão, até julho de 2013 cerca de 15 projetos estavam sob comando da câmara. Entre eles, técnicos destacam o que melhorou a eficiência da operação do aeroporto de Guarulhos.

Além dele, faziam parte da lista o aperfeiçoamento dos processos da Anvisa para a concessão de patentes e a redução de gastos do Ministério da Saúde.

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