segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ricardo Noblat: Eleição.com

• “O Brasil é um grande cemitério de obras inacabadas por toda a parte”
Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente

- O Globo

A deste ano será a eleição das redes sociais, aquela onde os candidatos travarão a mais cruenta batalha pelo voto desde que a internet começou a ser utilizada comercialmente no Brasil em 1995. Certo? Errado.

Os políticos estão longe de saber explorar a maioria dos recursos que a internet oferece. Se muito, o “santinho” impresso distribuído entre os eleitores cedeu lugar ao “santinho” eletrônico.

“Santinho” é um tipo de panfleto com a foto e o número do candidato. Interagir com as pessoas é o recurso da internet que mais pode servir a caçadores de votos. E, no entanto...

No entanto, é o que eles menos sabem fazer. Na maioria das vezes, limitam-se a postar mensagens por meio de assessores. Quase nunca estão disponíveis para discutir o que pensam. Nem refletem sobre o que os internautas dizem.

A BITES Consultoria, empresa com sede em São Paulo, monitora as redes sociais.

A meu pedido, ela compilou dados do Facebook e do Twitter entre primeiro de janeiro e anteontem, e do Google somente em abril, relativos aos três principais aspirantes a presidente da República na eleição de outubro próximo – Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Juntos, em números redondos, eles atraiam no Facebook 2.185.000 fãs até às 16 horas do sábado. Quer dizer: alcançavam apenas 2% dos usuários do Facebook, que tem 92 milhões de contas ativas no Brasil.

Campos liderava com 952 mil fãs, seguido por Aécio com 714 mil e Dilma com 520 mil. A página do guaraná Antártica conta com 17 milhões de fãs.

Volume de fãs é um dado que deve ser ponderado porque qualquer um pode fazer publicidade no Facebook e aumentar sua audiência. Campos e Aécio parecem estar procedendo assim.

A BITES valoriza mais o percentual de compartilhamentos sobre cada mensagem postada em nome dos candidatos. Nesse caso quem lidera é Dilma com uma taxa de 26%. Campos e Aécio empatam com 18%.

Dilma foi citada no Twitter 1,9 milhão de vezes no período pesquisado, Aécio, 390 mil e Campos 142 mil. No mês passado foram feitas no Google 131.480 buscas sobre Dilma, 81.030 sobre Campos e 33.360 sobre Aécio.

O nome de Campos costuma aparecer associado ao de Marina Silva, que deverá ser sua vice. Marina foi o terceiro candidato a presidente mais votado na eleição de 2010.

Eu quis saber, em resumo, se os três candidatos entraram de verdade no jogo digital. Ou se estão fazendo cena como tantos fizeram em eleições anteriores.

Resposta de Manoel Fernandes, Diretor-Executivo da BITES: “Tudo indica que fazem cena. Há muitos gastos em publicidade digital e pouco resultado político. Os candidatos carecem de uma estratégia consistente de ocupação dos espaços digitais”.

Em breve, a BITES divulgará pesquisa sobre o universo das redes sociais alcançado pelos três Poderes da República – Legislativo, Executivo e Judiciário. O resultado é modesto.

Cerca de 64,5 milhões de eleitores aptos a votar em 2012 tinham acesso à internet. Mas até 16 de abril último, os Poderes só falavam com 30% deles. Ou em números absolutos, 19,5 milhões.

Em 25 dos 27 Estados, o eleitorado com acesso à internet é superior a 30%. Pois só 18% dos deputados federais atingem acima de 1% do eleitorado com acesso à rede em seus Estados.

Entre os 20 campeões em número de seguidores, cinco deputados são do Acre e um do Rio – Romário (PSB). Nenhum é de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, os maiores colégios eleitorais do país junto com o Rio.

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