domingo, 15 de junho de 2014

Aécio diz que 'tsunami' varrerá PT do governo

• PSDB escolhe senador de MG como candidato à Presidência da República

• Em discurso, tucano resgata ações de FHC, enfatizando programas sociais que precederam o Bolsa Família

Daniela Lima, Gustavo Uribe e Patrícia Britto – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu oficialmente o posto de candidato dos tucanos à Presidência da República num discurso com forte tom emocional e duras críticas ao PT e à gestão de Dilma Rousseff.

Aécio disse que a administração petista não tem se mostrado "digna" de atender às necessidades do povo. Segundo ele, não há mais uma "brisa" de mudança no ambiente político, mas uma "ventania"."Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade", concluiu.

A convenção nacional do partido aconteceu na manhã deste sábado (14), em São Paulo. Os principais nomes do PSDB estiveram ao lado de Aécio no evento, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e seu antecessor no cargo, José Serra. Aécio foi lançado candidato sem que o nome do vice tenha sido definido. Ele o fará até o fim do mês.

O mineiro acusou o PT de ter enganado os eleitores que elegeram a sigla. "Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética e elegeram um governo que foi protagonista de um dos mais vergonhosos casos de corrupção da nossa história", afirmou, em referência ao mensalão.

Aécio chegou a dizer que a gestão Dilma é marcada por "desacertos de todos os lados". "Nossos adversários mantiveram a coerência. Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação", atacou, lembrando a posição do PT quando o plano foi lançado.

"Estamos aqui para dizer um basta em definitivo àqueles que se apropriaram do Estado", finalizou.

O presidenciável fez uma longa defesa do governo FHC e respondeu de forma velada às críticas do PT, que há anos acusa o PSDB de ser privatista e não ter sensibilidade social. Aécio disse que "nenhum outro governo, na história recente, deixou um legado de transformações e bases tão sólidas para que o país avançasse como o do PSDB".

"O Plano Real conquistou para o Brasil o mais nobre valor que uma nação pode ter: confiança nela própria." Ele disse ainda que a gestão FHC "estruturou a rede de proteção social" do país e deu "início ao que se transformaria depois no Bolsa Família".

Ao discursar, Fernando Henrique também foi duro. Ele insinuou que Dilma é "arrogante" e defendeu Aécio como o nome que "encarna" o sentimento de mudança.

O senador mesclou as críticas que fez ao PT com um discurso de que sua candidatura representa a retomada da confiança e o reencontro do "país consigo mesmo".

Em uma referência aos protestos que tomaram o país, defendeu a reaproximação entre o povo e a política. "É urgente o esforço para nos reencontrarmos com a nação que sempre fomos. Não podemos deixar que a indignação nos paralise, que o rancor nos consuma."

Os tucanos trataram a candidatura de Aécio como o desfecho da trajetória de Tancredo Neves, avô do mineiro. "Tancredo deu a vida para o Brasil mudar. É dele que descende Aécio", disse FHC.

Serra, que por anos disputou o protagonismo com Aécio, disse que o mineiro irá liderar a oposição e que o partido está "unido". Recebeu, ao fim, um abraço.

Na convenção, 451 delegados votaram. Aécio teve 447 votos --três brancos e um nulo. Ao ser questionado se o voto nulo era dele, Serra, aos risos, respondeu: "Mas eu nem votei".

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