quarta-feira, 25 de junho de 2014

Luiz Carlos Azedo: Marcação homem a homem

• A estratégia de Dilma Rousseff, na campanha de reeleição, será capitalizar o entusiasmo popular com a Copa e jogar a culpa do que deu errado na Fifa

- Correio Braziliense

Ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), corta um dobrado para evitar um atrito sério entre o Palácio do Planalto e os cartolas da Fifa durante a realização dos jogos da Copa do Mundo. Está viajando com o presidente da entidade, Joseph Blatter, para todos os jogos possíveis. Ontem, foi a Natal, para assistir, na Arena das Dunas, ao lado do suíço, ao jogo no qual o Uruguai mandou a Itália mais cedo para casa, com a dramática vitória por 1 x 0. Depois do jogo, Blatter seguiu para Manaus, onde assistirá hoje ao jogo entre Honduras e Suíça.

Rebelo tem uma teoria para explicar os protestos contra a Copa e a forma como a imprensa internacional, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, fez uma cobertura alarmista dos preparativos do evento. "Assim como o Vaticano com a eleição do papa Francisco, a Fifa de Blatter deixou de ser uma instituição sob controle anglo-saxão." A última Copa foi realizada na África do Sul, a próxima será na Rússia. "Aqui no Brasil, está sendo um sucesso, apesar de um ou outro incidente sem maior gravidade, mas há uma campanha orquestrada e muita má vontade da imprensa dos países desenvolvidos", dispara.

Apesar dessa narrativa do ministro do Esporte, entretanto, o Palácio do Planalto prepara um balanço sobre a realização da Copa no qual pretende jogar a culpa dos problemas na Fifa. A ideia é fazer uma espécie de check-list dos compromissos acordados com a entidade e comparar a execução dos encargos assumidos pelo governo com a dos que são de responsabilidade da Fifa. Seria uma retaliação aos pitos recebidos da federação pelo governo, por causa dos atrasos nas obras. Esse balanço faria coro com as reclamações da África do Sul e seria mandado para os russos, que realizarão a próxima Copa.

As exigências de Blatter em relação à Copa serviram de mote para as reivindicações que antecederam o evento. O chamado "padrão Fifa" passou a ser exigido pelos manifestantes nos protestos em relação à saúde, à educação e ao transporte, principalmente. A maioria da população encara esses problemas como prioridade em relação às obras dos estádios, apesar do sucesso indiscutível do evento. O governo avalia, porém, que o pior já passou. Os aeroportos não entraram em colapso, como já ocorreu em outras ocasiões, e o sistema de transportes funcionou a contento para garantir o acesso dos torcedores aos jogos, principalmente do Brasil. Além disso, o forte esquema de segurança inibiu ou conteve os protestos anti-Copa.

Ontem, em encontro com empresários na Câmara de Comércio do Brasil-Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi nessa toada e criticou tanto a imprensa estrangeira quanto a brasileira devido ao pessimismo em relação ao evento. "A Copa do Mundo está surpreendendo muita gente. Eu já dizia: a melhor coisa que o Brasil tem para mostrar é seu povo", defendeu. Ao fim do discurso, Lula disse ter confiança de que o Brasil será campeão mundial pela sexta vez. O petista é o principal responsável pela realização da Copa do Mundo no Brasil. Foi durante o governo dele que o acordo com a Fifa para realização dos jogos foi feito. A decisão da Fifa foi comemorada com festa e não houve reclamações quanto às exigências.

A estratégia de Dilma Rousseff, na campanha de reeleição, será capitalizar o entusiasmo popular com o evento e jogar a culpa do que deu errado na danada da Fifa, mesmo que isso signifique o enfraquecimento de Blatter e a retomada do controle da entidade pelos países europeus. A propósito, Itália, Espanha e Inglaterra voltaram pra casa mais cedo, mas Alemanha, França e Holanda continuam no páreo.

Voto a voto
Desde ontem, o Palácio do Planalto monitora um a um os convencionais do PP, que hoje deve decidir se apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff ou se faz a baldeação para a candidatura de Aécio Neves (PSDB). O rompimento do PTB, que desembarcou do governo e se coligou com o PSDB, acionou o alarme, pois Dilma e seus articuladores foram pegos completamente de surpresa. O fiador do apoio a Dilma é o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira, mas a rebelião está instalada. Tanto que a petista não foi convidada ao evento para não passar constrangimentos. Aécio conta com o apoio do PP em Minas e no Rio Grande do Sul, estados onde a legenda tem as maiores bancadas, mas pode ter a adesão de mais cinco diretórios importantes.

Degola
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, entregou ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dias Toffoli, a lista com o nome de 6,6 mil funcionários ou gestores públicos que tiveram as contas julgadas irregulares. A Justiça Eleitoral definirá agora quais dessas pessoas estão inelegíveis para as eleições de outubro.

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