terça-feira, 24 de junho de 2014

Planalto tenta conter novas dissidências de partidos aliados

• PR quer trocar ministro dos Transportes, que é da sigla; presidente Dilma resiste, mas petistas já admitem ceder

• Empresários têm avaliação positiva de César Borges, mas PR reclama que ele não recebe parlamentares

Valdo Cruz, Natuza Nery, Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois da defecção de última hora do PTB, o governo Dilma Rousseff lida com as pressões do PR, que quer a troca do ministro dos Transportes. A presidente, segundo interlocutores, pretende por ora manter o atual titular da pasta, César Borges, apesar de integrantes do PT já cogitarem ceder ao aliado.

Dilma avalia que Borges fez um bom trabalho na pasta, em especial na formatação das concessões de rodovias.

A Folha ouviu empresários preocupados com a eventual troca do ministro, como defende o PR. O nome que circula no partido é o de Paulo Sérgio Passos.

Na cúpula petista, porém, há também quem defenda ceder ao PR sob o argumento de que, depois do desembarque do PTB, a campanha pela reeleição da presidente Dilma não pode perder o apoio de mais um partido político.

Na sexta-feira passada, véspera da convenção que sacramentou o nome de Dilma à reeleição pelo PT, o PTB desembarcou da órbita petista e levou seus 1min15s diários de tempo de TV na propaganda eleitoral para a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, à Presidência.

Por isso, a orientação do Palácio do Planalto é negociar com o PR para evitar um novo desembarque, mas preservando o auxiliar da presidente Dilma. A bancada do PR na Câmara dos Deputados não se entende com César Borges e reclama que ele tem má vontade em receber parlamentares da legenda.

Reviravolta
A hipótese de ocorrer uma troca no comando dos Transportes significaria uma reviravolta na decisão de Dilma, que vinha dizendo a seu núcleo político que se recusava a tirar Borges da pasta.

Depois do PR, o Planalto evita cravar o apoio de outros aliados, apesar de contabilizá-los como confirmados, casos de PP e PSD. No fim de semana, Gilberto Kassab afirmou a interlocutores que a aliança do seu PSD com o PT nacional está garantida.

Além da defecção do PTB, o Palácio do Planalto também não gostou nem um pouco da decisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) de engrossar o grupo do partido no Rio que irá apoiar o candidato a presidente do PSDB.

O cenário no Rio, que ficou totalmente adverso para Dilma, levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conversar no sábado (21), antes do início da convenção do PT, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) sobre as alianças regionais.

Indefinições
Temer está preocupado com indefinições e queixas no PMDB em relação ao PT. Em conversas reservadas, ele diz que "conversa-se muito, mas resolve-se pouco".

No PMDB, a avaliação é que o movimento de Sérgio Cabral foi uma surpresa apenas para o Planalto.

Todos os sinais de Cabral, que desistiu de disputar o Senado, deixavam claro que o PMDB do Rio poderia fazer isso, fechando aliança favorável a Aécio.

O candidato do PT no Rio é o senador Lindbergh Farias, que no Estado se aliou ao PSB. Isso abriu o palanque dele a outro adversário de Dilma, o pernambucano Eduardo Campos (PSB).

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