sexta-feira, 18 de julho de 2014

Datafolha revela empate técnico entre Dilma e Aécio no segundo turno

• No primeiro turno, presidente tem 36%, contra 20% do tucano e 8% de Eduardo Campos

Leonardo Guandeline, Júnia Gama e Germano Oliveira – O Globo


SÃO PAULO e BRASÍLIA — Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira pela TV Globo e pela “Folha de S. Paulo" mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda lidera a disputa com 36% das intenções de voto contra 20% de Aécio Neves (PSDB), mas, pela primeira vez, a diferença dela para o tucano no segundo turno caiu para apenas quatro pontos percentuais, a mais baixa do levantamento feito pelo instituto, configurando empate técnico, já que a pesquisa tem margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Se a eleição do segundo turno fosse hoje entre Dilma e Aécio, a petista teria 44% dos votos e o tucano teria 40%.

Na pesquisa anterior sobre o segundo turno, realizada nos dias 1 e 2 de julho, Dilma tinha 46% contra 39% de Aécio, com uma diferença de sete pontos. Na disputa de Dilma com Eduardo Campos (PSB), a presidente teria agora 45% contra 38% do ex-governador de Pernambuco. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 48% e Campos, 35%.

Segundo a pesquisa Datafolha, que ouviu 5.377 pessoas nos dias 15 e 16 de julho, Dilma ainda lidera a disputa e teria 36% das intenções de voto, contra 20% de Aécio, 8% de Eduardo Campos (PSB) e 3% do Pastor Everaldo. Os votos brancos e nulos eram 13% e os que não sabiam em quem votar eram 14%. Dilma oscilou negativamente dois pontos, já que na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho ela tinha 38% (contra 20% de Aécio e 9% de Eduardo Campos). Na última pesquisa, feita nos dias 1º e 2 de julho, Dilma tinha 38%, Aécio 20%, e Eduardo Campos 9%. Os brancos e nulos eram 13% e não sabiam em quem votar eram 11%.

Juntos, todos os candidatos rivais de Dilma somam 36%, mesmo percentual atribuído à petista, o que fortalece ainda mais a expectativa de realização de segundo turno.

Desaprovação bate recorde
Na medida em que o segundo turno fica mais próximo, também aumenta a desaprovação ao governo da presidente Dilma: 29% desaprovam a gestão da presidente petista. Na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho, Dilma era desaprovada por 26%, que disseram que seu governo era ruim ou péssimo. O total de eleitores que classificam a administração como boa ou ótima é de 32%, praticamente o mesmo percentual apurado em junho de 2013. Naquela época, a taxa de aprovação à gestão da presidente despencou de 57% para 30%. Os que acham que o governo é regular somam 38%. A taxa de 29% de desaprovação da gestão Dilma é a maior da série, desde março de 2011.

A taxa de rejeição da presidente Dilma também subiu de 32% para 35%. Depois dela, o candidato mais rejeitado é o Pastor Everaldo (PSC) com 18% de rejeição. Aécio oscilou de 16% para 17% e Eduardo Campos manteve os 12% da pesquisa anterior.

O empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves divulgado pelo Instituto Datafolha em simulação de segundo turno está diretamente relacionado à queda na avaliação do governo da presidente. Essa é a opinião do cientista político Fernando Antônio de Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O professor ainda acrescenta que, “pela primeira vez, a oposição vislumbra uma possibilidade efetiva de ganhar as eleições deste ano”.

— Esse dado (empate técnico no segundo turno) está relacionado com a avaliação do governo da presidente. O ruim/péssimo está muito próximo do ótimo/bom, com número expressivo de avaliação regular — avalia Azevedo.

A exemplo de Azevedo, o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que a eleição deve ser muito disputada. Ele observa que, nas simulações de segundo turno, os candidatos da oposição têm apresentado curvas ascendentes nas últimas pesquisas, enquanto que Dilma registra o contrário. Couto salienta que a avaliação positiva do governo da presidente tem caído após uma ligeira recuperação e os índices estão próximos aos registrados após os protestos de junho do ano passado.

— Há uma tendência de piora na avaliação do governo. A melhora após queda em julho do ano passado foi revertida. Houve uma piora com índices num patamar muito parecido com aquele pós-manifestações. E a presidente volta a ter essa pior avaliação às vésperas da disputa eleitoral — disse Couto.

Para ele, é “altamente improvável” que a eleição seja vencida no primeiro turno.

Líder do PT discorda de números
A assessoria da campanha da presidente Dilma Rousseff informou que, como sempre, a candidata não comentaria pesquisas. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), no entanto, disse não acreditar nos números.

— Não assusta, nem surpreende, e não acredito que isso corresponda a um dado de realidade. Mas não vou discutir com pesquisa. No momento que começarmos a campanha propriamente dita, não tenho dúvida de que vamos ganhar bem — afirmou Costa.

Aécio Neves comemorou o resultado:

— É mais uma pesquisa que aponta claramente na direção de que teremos segundo turno. Quanto mais caminho pelo Brasil, percebo que o sentimento de mudança é crescente e acredito que é o que vai prevalecer. Cabe a nós cada vez mais apresentarmos nossas propostas e discuti-las com a sociedade para que o Brasil faça sua escolha — disse o tucano.

Coordenador-geral da campanha de Aécio, o senador José Agripino Maia (DEM) ressaltou que o dado mais relevantes contra a presidente Dilma foi a queda dos indicadores de avaliação de seu governo.

— Candidato de governo com avaliação “bom e ótimo” igual a “ruim e péssimo” está morto. Eu nunca vi candidato de governo com esse tipo de avaliação ganhar a eleição. Não é para tirar os pés do chão nem comemorar, mas as chances da oposição são reais —afirmou Agripino Maia.

A assessoria de Eduardo Campos considera positivo resultado da pesquisa. Avalia que a sondagem mostra uma continuidade na queda da Dilma e que a eleição caminha para o segundo turno "com boa chance" de derrota da presidente Dilma e de vitória da oposição.

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