domingo, 20 de julho de 2014

Na contramão de rivais, Dilma evita campanha de rua

• Para poupar a petista de constrangimentos, como vaias, assessores apostam as fichas na propaganda de rádio e TV

• Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) têm percorrido o país para tentarem se tornar mais conhecidos

Andréia Sadi, Ranier Bragon – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Enquanto os principais candidatos de oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), investem pesado em viagens pelo país para se tornarem conhecidos, a presidente Dilma Rousseff tem evitado a campanha de rua e aposta suas fichas na propaganda eleitoral na TV, que começa em 19 de agosto.

Para assessores palacianos, houve um "vácuo de comunicação" nos primeiros anos do governo que será suprido pelos programas produzidos pelo marqueteiro João Santana e pela ampla vantagem que Dilma terá na divisão da propaganda eleitoral --ela ficará com quase 50% do tempo total.

A ideia do comando petista é mostrar ao telespectador as realizações da gestão, como a organização da Copa do Mundo no Brasil. Dilma também deve dar mais entrevistas a jornalistas.

A avaliação é que uma campanha mais "eletrônica" poupa a presidente de fatos negativos e constrangimentos que um evento de rua poderia trazer, como vaias.

"O que queremos é uma campanha sem barulho', em um ambiente com controle", explica um interlocutor.

Auxiliares palacianos citam como modelo a campanha de Fernando Henrique Cardoso à reeleição, em 1998, quando houve exposição intensa na televisão associada a uma campanha "do medo".

Na época, o tucano investiu na ameaça da volta da inflação caso não fosse reeleito. Agora, o discurso do PT é que, se os tucanos ganharem a eleição, programas sociais implantados pelos governos Lula e Dilma serão extintos.

Menos escalas
Integrantes do comitê presidencial preveem menos viagens, quase metade comparado a 2010, e vão explorar ao máximo compromissos da "Dilma presidente", como na semana que passou, em que ela recepcionou vários chefes de Estado.

Sem poder inaugurar obras, a campanha petista costura uma agenda presidencial' na semana que vem para mantê-la em evidência.

Ainda na carona da Copa do Mundo, está previsto um encontro com o Bom Senso Futebol Clube, movimento que reúne atletas em busca de melhorias no futebol brasileiro, e uma possível viagem ao Rio para visita a obras da futura Vila Olímpica, que funcionará nas Olimpíadas de 2016.

Oposição
Aécio e Campos têm percorrido o país com dois objetivos principais. O primeiro é tornar-se conhecido do eleitorado local por meio de entrevistas a rádios, TVs e jornais. O segundo é reunir boas imagens para a produção dos respectivos programas de TV.

A quinta e sexta da semana passada foram um exemplo: em visita a São Luís (MA) e Natal (RN), Campos deu entrevista a quatro TVs locais e uma rádio, além de ter reunido a imprensa das duas cidades em duas coletivas.

Aécio também tem percorrido o país com o objetivo de se mostrar mais do que um "ex-governador de Minas".

As três campanhas avaliam que mudanças relevantes nas pesquisas de intenção de voto só serão possíveis após o início do horário eleitoral e da cobertura diária dos presidenciáveis pelos telejornais da TV Globo, emissora líder em audiência, prevista para começar no dia 4.

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