quarta-feira, 2 de julho de 2014

Painel - Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Mudança de foco
O ministro Ricardo Lewandowski indicou a colegas que pretende mudar as prioridades do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), cuja presidência também herdará de Joaquim Barbosa. Quer que o órgão atue menos como corregedoria e se dedique mais ao planejamento administrativo do Judiciário. Nos últimos anos, o CNJ ganhou visibilidade ao investigar juízes suspeitos de corrupção. A ex-corregedora Eliana Calmon, que disse haver "bandidos de toga", hoje é candidata ao Senado.

A fila anda No STF (Supremo Tribunal Federal), Lewandowski promete desafogar os gabinetes e julgar mais casos de repercussão geral, cujas decisões passam a valer para instâncias inferiores.

Ringue Dois ministros apostam que a corte continuará a viver embates na nova gestão. Sem Barbosa, Lewandowski tenderia a polarizar discussões com Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello.

Até o fim O presidente do STF foi criticado por colegas por ter encerrado sua última sessão sem uma despedida formal. Outro integrante da corte reclamou de Marco Aurélio, que esperou Barbosa sair do plenário e pediu a palavra para acusá-lo de arranhar a imagem do Supremo.

Vai ter Copa Segundo um ministro, Barbosa indicou que espera ter a aposentadoria publicada no "Diário Oficial" de 15 de julho. Se isso se confirmar, ele ainda estará no cargo na final do Mundial.

Além da vaia O PT pediu ao Ministério Público Eleitoral que investigue a origem de panfletos distribuídos no jogo de abertura da Copa, no Itaquerão. O material apócrifo trazia a bandeira do Brasil, a estrela do partido e a inscrição "Fora! Corruptos!".

Esqueleto Enquanto tucanos celebravam a escolha do vice de Aécio Neves, um advogado do PSDB mexia em papeis do processo em que o marqueteiro Luiz González cobra dívida de cerca de R$ 4 milhões deixada pela campanha de José Serra em 2010.

Papagaio Aliados de Eduardo Campos (PSB) acusam a campanha tucana de imitar o mote de que Dilma será a primeira presidente a entregar o país pior do que recebeu. Ele já repetiu a expressão em dezenas de discursos.

Estranho... A chapa do PSDB em São Paulo tem uma primeira desavença a resolver. José Serra, candidato ao Senado, e Márcio França (PSB), vice de Geraldo Alckmin, se desentenderam na convenção no fim de semana.

... no ninho O tucano se irritou porque o pessebista disse que a chapa estava "purificada". Ao final, mal cumprimentou França e usou palavras duras contra ele.

Na geral Do deputado Guilherme Campos (PSD), aliado de Gilberto Kassab, que se lançou ao Senado por achar que Serra havia desistido: "Ele está parecendo aquele jogador que dizia: Fiz que fui, não fui, e acabei fondo'".

Retranca Sem conseguir ampliar o leque de alianças, Alexandre Padilha (PT) deve reformular o discurso de sua candidatura ao governo de São Paulo. Antes determinado a seduzir o eleitorado antipetista, ele agora tentará garantir, ao menos, o voto tradicional da sigla.

Pilatos A campanha petista reclama que o Palácio do Planalto não teria agido para impedir a debandada de aliados, como PP e PDT, que apoiarão Paulo Skaf (PMDB).

Sem demissão A gestão Fernando Haddad (PT) promete manter os indicados do PP de Paulo Maluf na Prefeitura de São Paulo. "Nosso acordo é municipal. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", diz o secretário Chico Macena (Governo).

Tiroteio
"A candidatura de Serra é envelhecida e desgastada. Ele e Suplicy formam uma dupla de rivais que vai facilitar a vida do Kassab."
DE RICARDO PATAH, dirigente do PSD, sobre a decisão de José Serra de se candidatar em São Paulo e enfrentar Gilberto Kassab na disputa pelo Senado.

Contraponto
Pipa no ventilador
Em sessão na Câmara paulistana no fim de maio, vereadores discutiam a permissão para a venda de cerveja dentro dos estádios durante a Copa do Mundo. Eduardo Tuma (PSDB), da bancada evangélica, fez um apelo:
--Estou tentando sensibilizá-los a votar contra, a fim de preservarmos as famílias brasileiras!
Alfredinho (PT) pediu a palavra e disse que o tucano defendia a restrição por nunca ter frequentado estádios. Ex-cartola, Marco Aurélio Cunha (PSD) arrematou:
--Seu discurso parece o daquele garoto que empinava pipa com ventilador, jogava bolinha de gude no carpete!

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