segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Dilma larga com problemas onde há mais eleitores

• Presidente não tem aliados fortes em Estados como a Bahia e dividirá votos com adversários em Minas e Pernambuco

• Além de problemas políticos, petista enfrenta cenário adverso na economia; país deve crescer 1%

Fernando Canzian – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na eleição presidencial deste ano, Dilma Rousseff (PT) terá dificuldades maiores do que em 2010 em regiões que agregam mais da metade do eleitorado.

A presidente também enfrenta cenário adverso na economia. Em 2010, o Brasil cresceu 7,5%. Em 2014, a previsão é de 1%, ou menos.

Há quatro anos, Dilma venceu José Serra (PSDB) no segundo turno com vantagem de 11 milhões de votos --sendo 10,7 milhões no Nordeste.

Bahia e Pernambuco, maiores colégios eleitorais da região, deram mais de 70% de votos à petista, embalados por candidaturas fortes que apoiavam Dilma.

Neste ano, o líder na corrida estadual na Bahia, Paulo Souto (DEM), com 42% de intenção de voto, apoia Aécio Neves (PSDB).

Em Pernambuco, Dilma já divide as intenções de voto com Eduardo Campos (PSB), ex-governador do Estado e seu ex-aliado.

Em 2010, Dilma venceu em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Neste ano, quem lidera as pesquisas no Estado é Aécio Neves (PSDB), ex-governador.

Além de Bahia, Pernambuco e Minas, a presidente não tem aliados fortes em São Paulo, Paraná e no Rio Grande do Sul.

Ao lados dos problemas políticos, Dilma enfrenta um atoleiro econômico.

Em 2010, o Nordeste crescia a taxas chinesas. Na época da eleição, as vendas no comércio avançavam em um ritmo anualizado de 12%. Atualmente, esse ritmo é de pouco mais de 6%.
"Na média, os indicadores são muito mais desfavoráveis [para o PT] nesta eleição, na comparação com 2010", afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Embora a taxa de desemprego em 2010 fosse próxima da atual, o ritmo de criação de novas vagas formais teve forte queda (ver gráfico).

Fragilidades
Para o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Dilma deve enfrentar o segundo turno nesta eleição. "Mas entrará em piores condições do que o PT em disputas anteriores", diz.

"Dilma está fragilizada e desgastada, fato que não existia em 2010, quando Lula bombava"", completa.

Neste ano, o ex-presidente Lula voltará a ter papel importante na disputa eleitoral, principalmente no Nordeste, acredita Fernando Abrucio, cientista político da FGV-SP.

Entre a penúltima e a última pesquisa do Instituto Datafolha, Dilma recuou de 55% para 49% das intenções de voto no Nordeste.

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