terça-feira, 19 de agosto de 2014

Visões de Campos e sua vice em jogo na formação da nova chapa

• De fontes de energia ao casamento gay, aliados tinham posições divergentes

Raphael Kapa e Luciano Abreu – O Globo

Agronegócio
Em 2012, quando o Código Florestal foi aprovado, Marina afirmou que o texto representava um "grande retrocesso" e enfrentou um embate sobre as fronteiras agrícolas com líderes do agronegócio. Durante seu governo em Pernambuco, Eduardo Campos, ao mesmo tempo em que estimulava o agronegócio, formava políticas de inclusão de pequenos agricultores.

Economia
Em discursos, Eduardo Campos e Marina Silva pregavam a austeridade e o tripé econômico, que foi base da política econômica brasileira entre 1998 e 2006. No entanto, o discurso de austeridade da ambientalista muitas vezes encontrava contrariedade nas falas desenvolvimentistas do pernambucano. O pragmatismo de Eduardo Campos é apontado por analistas como um dos aspectos que não se adequam ao perfil de Marina. Um exemplo disso é a questão da independência do Banco Central. Ambos defendiam que a instituição deveria ser independente, porém o pernambucano acreditava que era necessário consolidar esta autonomia através de uma lei.

Fator previdenciário
Marina Silva, visando à política de austeridade, afirmou, em 2010, que vetaria qualquer lei que extinguisse ou revisse o fator previdenciário criado por FH, que dificulta a aposentadoria precoce. Eduardo Campos, por sua vez, acreditava que esta medida não deveria ser continuada e argumentava a favor da revisão. Em sua última entrevista exibida, Campos afirmou que era necessário uma reforma na previdência para que se "criasse uma previdência sustentável, que não fizesse ações isoladas, como foi exatamente a engenhoca do fator previdenciário".

Energia
Apesar de ter evitado tocar no tema em suas últimas semanas, Campos fizera falas entusiastas sobre a energia nuclear, condenada por Marina Silva. Ainda assim, a questão é vista de forma favorável por setores do PSB nas discussões sobre "energia limpa". Para os marineiros, somente a eólica, a solar e a produzida a partir da biomassa entrariam neste segmento.

Casamento gay
Em sabatina, Eduardo Campos declarou ser favorável ao casamento civil homoafetivo. O apoio dele, no entanto, não encontra ressonância nas posições de Marina. Em seu blog, ela afirmou ser favorável à "união de bens", mas contra o casamento, por entendê-lo como sacramento.

Alianças estaduais
A afinidade entre as posições defendidas por Campos e Marina deverão ser colocadas em prática nos palanques estaduais consolidados pelo pernambucano, que terão que ser defendidos pela ex-senadora. Como cabeça de chapa, Marina terá que expandir sua presença e fazer campanhas nos estados em cujas alianças ela discordava. O caso mais emblemático é o de São Paulo, onde ela resistia em dividir o palanque com o candidato à reeleição ao governo do estado Geraldo Alckmin, cujo vice é o socialista Márcio França (PSB), desafeto de Marina. As imagens de Marina foram limitadas às candidaturas estaduais majoritárias apoiadas pela Rede Sustentabilidade, grupo defendido por ela.

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