terça-feira, 23 de setembro de 2014

Armínio Fraga defende Marina e autonomia do Banco Central

• Coordenador de campanha de Aécio Neves também questionou empréstimos abaixo da inflação concedidos pelo BNDES

Elizabeth Lopes e Fernando Ladeira - O Estado de S. Paulo

Em conversas com jornalistas após o debate com empresários promovido pelo Grupo LIDE, o ex-presidente do Banco Central e um dos principais coordenadores do programa de governo de Aécio Neves (PSDB), Armínio Fraga defendeu a candidata à Presidência Marina Silva, do PSB, dos ataques feitos à proposta de autonomia formal do Banco Central. "Querer dizer que a independência do Banco Central vai criar uma ameaça às políticas sociais do Brasil é um absurdo total", afirmou, em conversa com jornalistas.

Mais cedo, Fraga já havia defendido a autonomia formal do Banco Central e afirmou que isso irá acontecer algum dia. Ele também lembrou que, quando foi presidente do BC entre 1999 e 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já havia lhe concedido essa autonomia, embora não escrita em lei.

Ao comentar o que disse ser uma das campanhas mais populistas no debate eleitoral, Armínio Fraga disse acreditar que os ajustes propostos irão tirar o Brasil da paralisia e afirmou não ter "uma lista de maldades para anunciar aqui".

BNDES. Além da autonomia do Banco Central, Armínio Fraga, defendeu também que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passe a ser avaliado por critérios sociais, questionando se é bom para o Brasil conceder empréstimos com taxas de juros abaixo da inflação. "É preciso questionar o critério mais microeconômico e passar por um critério onde a sociedade se beneficia", afirmou.

Ele lembrou que a razão original de existência do BNDES estava no fato de não existir um mercado de financiamento de longo prazo no País, mas acrescentou que a situação mudou. Agora, ele defende que é preciso pressionar um pouco mais as empresas, como exigir em um primeiro momento o cofinanciamento.

Outro ponto considerado importante pelo ex-presidente do Banco Central é a transparência da instituição. Ele reconheceu que há questões ligadas ao segredo de negócio das empresas, mas afirmou ser possível implementar uma transparência maior para analisar o que está dando certo e o que está dando errado nas empresas. "Não é trivial, mas é possível." Para ele, ao abordar esses pontos citados o BNDES "vai reduzir bastante o seu tamanho".

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