sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Merval Pereira: Polarizações regionais

- O Globo

Pesquisas do Datafolha em seis estados e no Distrito Federal ajudam a entender melhor as razões por que os três principais candidatos à Presidência da República se encontram na situação atual de empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e a candidata do PSB, Marina Silva, deslocando para o terceiro lugar o candidato tucano, Aécio Neves.

Marina está à frente em dois dos três principais colégios eleitorais do país (São Paulo e Rio), enquanto Dilma lidera em Minas Gerais. Em Pernambuco e no Ceará, dois dos principais estados nordestinos, Dilma tem uma votação expressiva no Ceará, atingindo 57% das intenções de votos, como nos melhores momentos de sua votação em 2010, e Marina tem quase metade dos votos de Pernambuco, terra de Eduardo Campos.

Como se vê, o candidato do PSDB perde terrenos nos redutos que deveriam ser suas principais fontes de votos. Em Minas, está em terceiro lugar com apenas 22%, acima de sua média nacional de 14% mas bem abaixo de seu potencial. Em São Paulo, outro território do PSDB, Aécio Neves está com apenas 18% das intenções de voto, enquanto no Rio, onde montou um esquema paralelo de apoio com os partidos da base do governo, o Aezão (apoio a Aécio e Pezão) não funcionou até o momento. Aécio tem apenas 11% de votos no estado.

A disputa entre Dilma e Marina está bem expressa nos números estaduais. Onde uma vence com votação forte, como é o caso de Marina em São Paulo com 42%, Dilma vem bem votada com 23%, mesmo que seja uma votação abaixo de sua média nacional de 35%. Em Minas, dá-se o contrário: Dilma, que é mineira e venceu lá a eleição de 2010, está com 35% dos votos e Marina tem 27%.

A estratégia básica de Aécio Neves, que determinava toda a sua campanha, era tirar em Minas e em São Paulo uma votação suficiente para neutralizar a grande votação de Dilma Rousseff na região, que lhe deu em 2010 cerca de 10 milhões de votos de dianteira contra o PSDB. Na verdade, porém, até o momento quem está conseguindo neutralizar a influência da presidente no Nordeste é a candidata do PSB Marina Silva, que tem uma votação média de 30% nos estados nordestinos, baixando a média da presidente para 45% dos votos, e coloca uma dianteira em dois dos três maiores colégios eleitorais do país.

No Rio Grande do Sul, onde a senadora Ana Amélia lidera a corrida pelo governo do estado contra o candidato petista Tarso Genro, quem lidera a disputa presidencial é a presidente Dilma, apesar de a candidata do PP apoiar o tucano Aécio Neves. Dilma tem 38% das preferências e Marina, 30%, enquanto Aécio Neves fica em 15%. De maneira geral, as melhores taxas de intenção de votos da presidente Dilma correspondem aos estados onde a aprovação de seu governo é maior.

No Ceará, por exemplo, Dilma obtém seu melhor desempenho, tanto na simulação de 1º turno quanto na de 2º turno. Chega no 2º turno, contra Marina, a ter 60% dos votos. A aprovação ao governo Dilma no Ceará e em Fortaleza chega a 57% e 45%, ante 36% nacional. O Datafolha destaca que Dilma apresenta intenção de voto semelhante a sua média nacional em Minas Gerias (estado onde nasceu) no Rio Grande do Sul (onde exerceu parte da sua carreira profissional) e em Pernambuco (terra do seu padrinho político Lula).

Por outro lado, obtém taxas de intenção de voto menores nos estados onde a aprovação ao seu governo é mais baixa: em São Paulo e no Distrito Federal, o governo Dilma é reprovado, respectivamente, por 36% e 40% dos eleitores. A candidata Marina Silva recolhe seus melhores índices nas capitais, especialmente no Rio (41%) e no Recife (52%). A presidente Dilma vence em Porto Alegre (37%) e em Fortaleza (42%).

Também no Distrito Federal, onde Aécio Neves chegou a liderar a corrida presidencial quando competia com Eduardo Campos pelo PSB, Marina retomou a dianteira que já tivera em 2010, quando venceu a eleição na capital do país. Aécio hoje está empatado tecnicamente com a presidente Dilma em Brasília.

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