segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dilma deve enfrentar governo difícil, diz FHC

• Ex-presidente cita Congresso dividido e oposição com mais força política

• Álvaro Dias afirma que partido perdeu 'batalha da comunicação'; em SP, derrota é recebida com lágrimas na sede tucana

- Folha de S. Paulo 

SÃO PAULO e BELO HORIZONTE - Principal fiador da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à sucessão presidencial, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso previu neste domingo (26) um segundo mandato difícil para a presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo o tucano, a petista deve enfrentar nos próximos quatro anos um Congresso Nacional "dividido" e uma oposição com mais força política.

Na capital paulista, onde acompanhou em seu apartamento a apuração da disputa presidencial, o tucano considerou que a vitória apertada da presidente é resultado de uma demanda da população por mudança, um sinal para que o governo petista passe por reorientação de rumo.

"Isso deve dar um sinal à presidente Dilma Rousseff de que ela deve mudar de caminho. Esse caminho de ficar atacando e denegrindo só faz mal ao país", disse o tucano no edifício onde mora, no bairro de Higienópolis.

O ex-presidente atribuiu a derrota do PSDB a uma campanha eleitoral agressiva feita pela equipe da petista.

"Eu tenho experiência de vida política e nunca tinha visto um esforço de destruição de candidaturas como o que foi feito com a Marina [Silva] e com o Aécio Neves."

Para ele, o senador mineiro sai das urnas como uma importante força política, mas ainda é cedo para discutir uma eventual candidatura dele nas eleições de 2018.

Em Belo Horizonte, o ex-governador de São Paulo José Serra, eleito senador, também considerou que a presidente enfrentará uma oposição mais dura no Congresso Nacional. Segundo ele, o PSDB não fará uma oposição "destrutiva", mas continuará combatendo "tudo o que combateu nesta campanha".

Autocrítica
Em agradecimento ao resultado que obteve em São Paulo, 64% dos votos válidos, Aécio telefonou na noite do domingo (26) ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e aos coordenadores de sua campanha eleitoral no Estado.

Alckmin, que se cacifou no primeiro turno como um nome forte para a disputa presidencial de 2018, não foi a Belo Horizonte e não fez pronunciamento público sobre o resultado da eleição.

A avaliação dos principais dirigentes tucanos é que o desempenho de Aécio em Minas Gerais, onde foi derrotado por Dilma, é um dos principais responsáveis pela sua derrota. "Infelizmente perdemos em Minas. Nós vamos com serenidade avaliar. Eu estou muito triste. Nem na nossa pior projeção nem na construção do pior cenário a gente pensaria em um resultado desse", disse o presidente do PSDB-MG, Marcus Pestana.

O senador Álvaro Dias (PSDB), reeleito no Paraná, disse que "o país ficou dividido politicamente. Quem ganhou ganhou em razão de detalhes e da arte da comunicação. Nós perdemos a batalha da comunicação e não conseguimos dar consistência no sentimento de mudança do país".

A vitória de Dilma foi recebida com lágrimas e indignação na sede do PSDB em São Paulo que ficou esvaziada desde o final da tarde, sem nenhuma liderança importante do partido.

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