sábado, 4 de outubro de 2014

Dilma vai a Minas para tentar conter alta de Aécio

• Presidente transfere caminhada para Belo Horizonte, reduto tucano onde o candidato do PSDB está na frente da rival

• Petistas dizem achar melhor enfrentar o tucano do que Marina no segundo turno, mas marqueteiro vê riscos

Valdo Cruz, Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A campanha da presidente Dilma Rousseff fez mudanças de última hora na sua agenda para permitir um confronto direto na véspera da eleição com seu rival tucano, o senador Aécio Neves, cujas chances de chegar com ela ao segundo turno da eleição aumentaram nos últimos dias.

Dilma programara uma caminhada ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo (SP) para encerrar sua campanha neste sábado (4).

Com a alta de Aécio, decidiu fazer uma caminhada no centro de Belo Horizonte ao lado do candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, favorito para vencer neste domingo e impor uma derrota histórica aos tucanos no Estado, que Aécio governou entre 2003 e 2010.
A mudança começou a ser discutida na quinta-feira (2), depois que o Datafolha apontou empate entre a candidata do PSB, Marina Silva, e Aécio na briga pelo segundo lugar. Marina tem 24% das intenções de voto e Aécio, 21%.

O Datafolha também apontou crescimento do apoio a Dilma no Estado. Ela tem 42% das intenções de voto em Minas e Aécio, 29%. Segundo o instituto, Aécio lidera na capital mineira e Dilma vai melhor no interior do Estado.

A ordem, segundo a equipe de Dilma, é fazer um último esforço para tentar manter o movimento de alta no Estado e deter o avanço de Aécio, que também decidiu ficar em Minas até domingo.

A tática de buscar o confronto com Aécio foi posta em prática pela primeira vez no debate da TV Globo na quinta-feira, quando a presidente dirigiu ao senador mineiro três das seis perguntas que fez, sempre que as regras permitiram que ela o escolhesse.

Aécio decidiu se concentrar em Minas nos últimos dias de campanha para tentar recuperar votos que perdeu para Dilma e Marina, e assim ganhar impulso para chegar ao segundo turno.

A equipe de Dilma avalia que o tucano tem maiores chances de chegar à etapa final. A maior parte da cúpula petista o vê como um rival mais fácil de enfrentar no segundo turno do que Marina.

Numa conversa nesta semana, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que Aécio tem "pés de barros" e o PT sabe como derrotá-lo. Petistas e tucanos se enfrentaram nas últimas cinco eleições presidenciais, das quais três foram vencidas pelo PT.

Outra ala petista, porém, prefere disputar com Marina. Na avaliação do PT, ela foi mal no debate e é vista por muitos eleitores como uma candidata fraca e indecisa.

Há cerca de dez dias, o marqueteiro João Santana disse numa reunião que preferia concorrer contra uma candidata em processo de "desidratação", como Marina, a enfrentar alguém com "acúmulo" de energia, como Aécio.

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