quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Aécio condiciona diálogo com governo a investigações da Petrobrás

• Candidato derrotado à Presidência discursou por cerca de 30 minutos na tribuna do Senado, onde voltou a criticar a corrupção

Ricardo Brito e Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O candidato derrotado à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou nesta quarta-feira, 5, que qualquer tentativa de conversa entre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e a oposição está condicionado à investigação e à punição das denúncias de corrupção que atingem a Petrobrás. Em pronunciamento de meia hora da tribuna do Senado, o tucano disse que os governos do PT foram "intolerantes" durante 12 anos e agora defendem o diálogo. Ele disse que é preciso saber se as propostas do governo atendem às necessidades dos brasileiros.

"Qualquer diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção do País conhecido como 'petrolão'", afirmou o tucano, que foi efusivamente aplaudido em plenário.

Segundo Aécio, o esquema só veio à tona porque não foi possível abafar os delatores do esquema da Petrobrás. Ele disse que esconder e camuflar foi a tônica do atual governo, embora não tenha conseguido esconder a corrupção. Ele mencionou que a corrupção chegou a níveis nunca antes atingidos no País.

O escândalo de desvio de recursos na estatal investigado pela PF teria envolvido, segundo relatos dos delatores do esquema, partidos da base aliada do governo, como PP e PMDB, e também o opositor PSDB e o PSB, além do próprio PT.

O senador disse ainda que o governo escondeu que havia a urgência da necessidade de se fazer ajustes econômicos. Citou que, dias depois da eleição, houve um aumento da taxa básica de juros da economia e deu aval para reajuste do preço dos combustíveis. Durante a campanha, ele lembrou que Dilma negava que havia a alta de preços e a carestia.

Na quarta-feira da semana passada, 29, em uma decisão totalmente inesperada, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano, na primeira ação depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Desde abril, a Selic estava em 11,00% ao ano. No comunicado que se seguiu à decisão, a diretoria da instituição avaliou que seria oportuno ajustar as condições monetárias para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016.

Após reconhecer a derrota das urnas, o tucano PSDB destacou os "mais pobres"e os nordestinos no discurso. Ele criticou o fato de que o a campanha de Dilma tentou dividir o País entre ricos e pobres, Norte e Nordeste. "Travamos nessas eleições uma disputa desigual, em que os detentores do poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem por mais quatro anos", afirmou o tucano.

O tucano disse ter se colocado nos últimos meses como alternativa de um Estado mais eficaz e moderno. Disse ainda que propôs a reaproximação do Brasil com o resto do mundo, ao qual "demos as costas". E que atualmente os brasileiros convivem com um modelo econômico estagnado e pesado.

Aécio disse que subia à tribuna após as eleições com a carga de responsabilidade que teve com a votação e o projeto político do qual faz parte. Mas criticou, em vários momentos, a candidatura adversária. "A mentira foi a principal arma. Mentira sobre o passado, para desviar a atenção do presente", afirmou, ao dizer que a oposição foi acusado de propostas que nem sequer fizeram.

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