sábado, 15 de novembro de 2014

Aécio diz que oposição tinha razão na campanha quando alertou para casos de corrupção na Petrobras

• Tucano acusou Cardozo de 'cercear' a ação de delegados da PF e disse que governo quer fazer do país 'a casa da mãe Joana' ao tentar alterar LDO

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO – Em um ato político nesta sexta-feira em São Paulo para agradecer a votação que teve na eleição presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB) usou os novos fatos envolvendo a Petrobras – a prisão de mais um dirigente da empresa e o adiamento da divulgação do balancete financeiro - para dizer que a oposição tinha a razão na campanha eleitoral quando alertou para os casos de corrupção na estatal. Aécio acusou o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardoso, de "cercear" a ação de delegados da Polícia Federal e disse que o governo quer fazer do país “a casa da mãe Joana” ao tentar alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para fechar as contas de 2014.

- Hoje, enquanto estamos aqui celebrando uma caminhada honrada, está sendo preso o maior diretor da Petrobras indicado pelo PT. E eles diziam que as acusações que fazíamos ou pedido de investigações que buscávamos era peça eleitoreira – disse o tucano em discurso para lideranças do PSDB paulista num teatro na região central.

Antes do pronunciamento, Aécio concedeu uma entrevista e começou as críticas pela medida do ministro da Justiça de investigar delegados da PF por manifestações durante a campanha.

- Quero manifestar minha incompreensão em razão da atitude tomada pelo ministro da Justiça que abre inquérito para investigar a posição individual e política de delegados. É inaceitável. Ele quer retirar de uma categoria o direito constitucional da livre manifestação. Eles só podem se manifestar se for a favor do governo. Ele deveria estar atento ao que fizeram os dirigentes dos Correios e aos que cometeram crime na Petrobras. Fica a impressão de uma tentativa de cercear a ação de delegados na operação (Lava-Jato).

Sobre a decisão da estatal de adiar a divulgação do balanço financeiro, conforme noticiado pelo jornal O Estado de S.Paulo, Aécio disse que essa é mais uma “marca perversa” na história da empresa.

- Infelizmente, o que estamos assistindo hoje é aquilo que nós denunciamos na campanha se transformando numa realidade cada vez mais palpável. A nossa maior empresa pública , que adia a publicação de seu balancete em razão das denúncias de corrupção, vai trazendo para si uma marca perversa.

O tucano voltou a criticar a ação do governo para alterar a LDO e, assim, fechar as contas de 2014.

- O Brasil não pode virar a casa da mãe Joana onde o governo acha que com sua maioria (no Congresso) faz o que bem quer. Eu quero apelar aqui à responsabilidade da base governista. Se houver essa violência, vamos entrar com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade).

O ato político, convocado para Aécio agradecer militantes e eleitores paulistas, transformou-se em palanque da oposição para reforçar a mobilização contra o governo nos próximos anos. Da plateia, os discursos eram acompanhados por gritos de “Fora PT” e “impeachment”.

Aécio foi recebido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Geraldo Alckmin e o senador Aloysio Nunes. O senador eleito José Serra não esteve presente e mandou uma mensagem, lida no ato, explicando que está em viagem ao exterior.

O presidenciável derrotado começará, a partir de São Paulo, uma série de viagens por estados para agradecer os votos, mas também dar visibilidade à sua imagem como líder da oposição de olho nas eleições de 2018.

Para FH, vitoriosos na eleição estão com ‘caras atormentadas’
FH fez um dos discursos mais duros. Ele disse que os vitoriosos na eleição estão com “caras atormentadas” nas fotos dos últimos dias em razão das dificuldades do governo.

- Veja as fotos dos vitoriosos. Eles estão com caras atormentadas. Eles não sabem o que fazer. Eu tenho vergonha como brasileiro de dizer o que está acontecendo com a Petrobras. A empresa caiu nas garras de partidos desonestos.

FH ironizou a declaração do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de que a situação fiscal é difícil do país.

- Quero ver essa gente agora. A situação é bastante séria. Até o ministro da Casa Civil disse que é difícil.

O ex-presidente orientou o discurso da oposição ao falar sobre a postura a ser adotada a partir de agora.

- Não vamos jogar contra o Brasil. Mas não vamos permitir que façam gol contra.

FH também sinalizou um apoio a Aécio para a disputa de 2018, ao dizer que espera ter saúde para ambos estarem juntos nas ruas em 2018.

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