quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Dilma adia anúncio de medidas fiscais

• Pacote elaborado por atual equipe foi considerado 'insuficiente' por novos ministros da Fazenda e Planejamento

• Presidente deve divulgar novos nomes hoje, mas posse será adiada até que reforma na LDO seja aprovada

Andréia Sadi, Natuza Nery, Flávia Foreque e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu adiar o anúncio do pacote fiscal e a posse de sua nova equipe econômica, que será apresentada oficialmente nesta quinta-feira (27) no Palácio do Planalto.

Os futuros ministros da Fazenda e do Planejamento, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, respectivamente, avaliaram as medidas elaboradas pela equipe de Guido Mantega (Fazenda) como boas, mas "insuficientes".

A ideia é encorpar o pacote para equilibrar as contas do país. Levy, Barbosa e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vão ser anunciados oficialmente hoje como o novo trio de comando da equipe econômica do segundo mandato de Dilma.

As posses de Levy e Barbosa, previstas inicialmente para esta sexta-feira (28), foram adiadas, porém, porque o Palácio do Planalto quer aguardar a aprovação da manobra fiscal que permitirá descumprir a meta de superavit primário deste ano -o que deve ocorrer na próxima semana.

Em relação ao pacote fiscal, a nova equipe econômica deve anunciar hoje apenas as "linhas gerais" do seu plano para arrumar a economia do país, mas deixará para depois da posse o detalhamento das medidas.

Promete e não entrega
Assessores presidenciais disseram à Folha que os novos ministros vão sinalizar que acabou a era de "prometer meta e não entregar", uma marca da gestão de Mantega.

Por isso, Levy e Barbosa ainda avaliam uma meta de superavit primário mais factível para 2015.

Na proposta enviada ao Congresso Nacional pela atual equipe, a economia de gastos no próximo ano seria de 2% a 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Não está descartada uma redução para 1,5%, com metas crescentes nos anos seguintes. O importante, segundo interlocutores dos novos ministros, é que seja um número que será anunciado e cumprido no final do ano.

Dentro desse objetivo, a nova equipe já decidiu que vai "encorpar" o pacote elaborado por Mantega, com novas medidas, principalmente na área de corte de despesas. Está previsto um bloqueio "significativo" de gastos no Orçamento da União de 2015.

De acordo com assessores presidenciais, Levy e Barbosa reclamaram à presidente e ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que "estavam na chuva", sem poder falar e agir como mi-nistros e que precisavam de mais informações dentro do Ministério da Fazenda para poder montar um pacote fiscal mais rigoroso.

Transição
A opção de Dilma foi anunciar seus três membros da equipe econômica, mas criar um período de transição, durante o qual Levy e Barbosa vão trabalhar no Planalto. Tombini continua no comando do BC.

A decisão da presidente não agradou ao ministro Mantega, que já preparava sua despedida do ministério para esta sexta-feira.

Ele preferia deixar o cargo imediatamente e deixou claro à presidente que essa era sua intenção. Dilma, porém, pediu que ele aguardasse mais um tempo à frente do posto.

Assessores de Mantega ficaram irritados ao serem informados de que os novos ministros classificaram suas medidas de "insuficientes".

Um deles afirmou à Folha que a avaliação só pode ter sido feita por quem não leu o conteúdo completo do pacote, que contempla o retorno da Cide (contribuição para regular preços de combustíveis).

Dilma vem mantendo há uma semana conversas quase diárias com o trio escolhido para conduzir a economia.

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