sábado, 15 de novembro de 2014

Justiça recorre a Dilma e Aécio para colocar na rua nova etapa da Lava Jato

• Despacho judicial cita que presidente reeleita e senador, em campanha, defenderam o fim da impunidade no País

Fausto Macedo e Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

Ao decretar a execução da mais explosiva etapa da Operação Lava Jato, a Justiça Federal recorreu às declarações da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB) ainda no calor da campanha eleitoral. Apesar de adversários políticos na recente eleição presidencial, ambos, em consenso, afirmaram a necessidade do prosseguimento do processo (da Lava Jato) e a importância dele para o quadro institucional.

Para a Justiça Federal, a “Operação Lava Jato, fruto de um competente trabalho de investigação e de persecução da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, tem recebido grande atenção da sociedade civil, inclusive com intensa exposição na mídia”.

A magnitude dos fatos tem motivado inclusive manifestações das mais altas autoridades do País a seu respeito, destaca o despacho judicial que ordenou prisões temporárias e preventivas e bloqueio de bens dos investigados, entre eles os principais executivos das maiores empreiteiras do País. 

Chamaram a atenção deste Juízo recentes declarações sobre a Lava Jato da Exma. sra Presidente da República, Dilma Rousseff, e do Exmo. Sr. Senador da República Aécio Neves. Reclamou o Exmo. Sr. Senador, em pronunciamento na Câmara Alta, pelo aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história deste país. Quanto à Exma. Sra. Presidente, declarou, em entrevista a jornal, que as investigações da Operação Lava Jato criaram uma oportunidade para coibir a impunidade no país.

Evidentemente, cabe ao Judiciário aplicar as leis de forma imparcial e independentemente de apelos políticos em qualquer sentido, ressalva o despacho judicial. Entretanto, os apelos provenientes de duas das mais altas autoridades políticas do país e que se encontram em campos políticos opostos confirmam a necessidade de uma resposta institucional imediata para coibir a continuidade do ciclo delitivo descoberto pelas investigações, tornando inevitável o remédio amargo, ou seja, a prisão cautelar.

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