segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PSB se divide sobre aproximação com PT

• Socialistas discutem rumos do partido a partir de 2015. Preocupação é com a viabilidade administrativa dos governadores da sigla: Câmara (PE), Rollemberg (DF) e Coutinho (PB)

Patrycia Monteiro Rizzotto – Brasil Econômico

Depois da guerra eleitoral, lideranças do PSB discutem sobre a possibilidade de hastear a bandeira branca da paz para o PT. Embora não haja consenso dentro do partido sobre a reaproximação política com o antigo aliado, são grandes as preocupações dos representantes da legenda com a questão da governabilidade dos socialistas que vão assumir os governos de Distrito Federal, Pernambuco e Paraíba, a partir de 2015. Na semana passada, os presidentes das executivas estaduais se reuniram com Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, para discutir os novos rumos da legenda a partir do ano que vem. Um novo encontro está previsto nos próximos dias para definir o futuro posicionamento. "Há três possibilidades sendo cogitadas internamente no partido.

A primeira é a de manter uma postura independente no Senado e Câmara, decidindo sobre as pautas, sem fazer barganhas políticas. Que é o que já vinha acontecendo mais recentemente, desde que o partido saiu do governo para que Eduardo Campos assumisse sua candidatura. Em geral, por questão de afinidades políticas, sempre fomos favoráveis aos temas do governo. Mas também está sendo avaliada a possibilidade de irmos para a oposição ou a terceira opção — que é a minha, particularmente — de fazermos uma aproximação, mantendo a independência política", afirma o senador João Capiberibe (PSB/AP). De acordo com ele, o partido está muito dividido sobre suas alternativas e por isso não dá para dizer qual corrente vem ganhando mais força dentro do PSB.

"Entre os deputados e senadores do partido há uma inclinação maior pela posição de independência, mas entre as executivas regionais há um equilíbrio de forças. Nossa maior preocupação é coma viabilidade administrativa dos nossos governadores eleitos (Paulo Câmara, de Pernambuco; Rodrigo Rollemberg, Distrito Federal; e Ricardo Coutinho, da Paraíba) porque, com exceção de São Paulo, Paraná e talvez o Espírito Santo, creio que nenhum estado brasileiro pode se dar ao luxo de não estabelecer um diálogo com o governo federal. Creio que nós procuraremos construir uma ponte com o governo Dilma", diz Capiberibe. Desmentindo algumas especulações, o senador nega que esteja sendo discutida uma fusão do PSB com PPS e PSD.

Por outro lado, ele confirma a saída de Marina Silva do partido até março do ano que vem. "O que estamos articulando é a formação de um bloco político de atuação parlamentar com o PDT e o Psol. A Marina, por sua vez, vai seguir seus planos iniciais, que é o de recolher assinaturas para fundação de seu partido, o Rede Sustentabilidade", comenta, mencionando que, por enquanto o partido não faz planos para 2018. "Ainda estamos tratando as feridas desta eleição", diz. Já o deputado Beto Albuquerque (PSB/RS), está entre os socialistas que rejeitam veementemente a ideia de se aliar de novo ao PT. "Tivemos um ano difícil, repleto de adversidades. Não há possibilidade de reaproximação com o PT porque discordamos da atuação do governo.

Na minha opinião, o caminho natural de quem disputa uma eleição e perde é buscar espaço da oposição", afirmou. Segundo Albuquerque, o PPS e o PV também devem fazer parte do bloco partidário que está sendo formado pela bancada federal do PSB e a proposta é fazer oposição, sem necessariamente ficar alinhado ao PSDB. "Vivemos num país democrático e não é porque elegemos governadores que temos de rezar pela cartilha do governo federal. Precisamos manter o diálogo, entendendo que Dilma também não pode virar as costas para a população governada pelos partidos de oposição.

O PSB tem de ser coerente com o que protagonizou em 2014", argumenta. Na opinião do cientista político Antonio Lavareda, é provável que o PSB escolha manter uma postura independente a partir de 2015. "Creio que o partido não vai adotar uma postura de oposição subserviente ao PSDB. Isso seria incompatível com a proposta de terceira via que ele vem apresentando", diz, relembrando que o PSB já se colocou como alternativa à polarização entre PT e PSDB em 2002, quando lançou a candidatura de Anthony Garotinho à Presidência.

Para Lavareda, a aproximação entre PSB e PT é difícil por causa das feridas abertas durante a última eleição. "Se Eduardo Campos estivesse vivo, ele insistiria na proposta de independência", frisa. Ele acredita que o partido pode dar uma guinada e fortalecer suas novas lideranças para o pleito de 2018. "Beto Albuquerque, Geraldo Júlio (prefeito do Recife) e Paulo Câmara são lideranças promissoras", afirma.

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