sexta-feira, 28 de novembro de 2014

'PT está se aburguesando', diz Gustavo Franco

• Bancos e empresários elogiam oficialização de Levy, Barbosa e Tombini

Clarice Spitz e Juliana Castro - O Globo

Num seminário da Academia Brasileira de Letras (ABL), o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco ironizou ontem a nova equipe econômica do governo. Ele comparou a entrevista coletiva de apresentação dos futuros ministros - Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), além de Alexandre Tombini, que permanece à frente do BC - ao lançamento da "Carta aos Brasileiros", em 2002, feito pelo então presidente recém-eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

- A natureza desse evento talvez seja comparável à "Carta aos Brasileiros", de 2002, como um instrumento político, um gesto que assinalou numa ocasião o aburguesamento do Partido dos Trabalhadores ou o abandono de agendas revolucionárias. Ainda que vitorioso na eleição, o partido se modificou naquele momento e foi uma espécie de queda do muro para eles, para nós, para todos - afirmou.

Franco disse ainda que Levy é um "mão fechada":

- Podemos acusar o governo de muitas coisas, mas muitas coisas mesmo, mas não de não possuir inteligência política. No momento de fechar o cofre, é o momento em que a presidente decide se afastar da área econômica e colocar alguém mão fechada. Não sei se vai dar certo, mas é um movimento muito inteligente. Faço votos de que funcione.

Elogios à nova equipe
No geral, economistas, acadêmicos, entidades representativas de bancos e de empresários aprovaram o anúncio de metas plurianuais para o superávit primário.

A professora Margarida Gutierrez, do Coppead/UFRJ, considera que a adoção de metas está na direção correta:

- Qualquer coisa muito diferente do que anunciaram é muito difícil de ser feita. São metas menores do que as de 2003 a 2010, mas são factíveis no sentido de devolver a credibilidade perdida.

Margarida considera que a declaração de Levy vai no sentido de fazer com que o BNDES volte à sua função de banco de fomento. Para alcançar a meta, diz, será necessária a recomposição de alíquotas de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) e haverá mudanças em regras do seguro-desemprego.

Grandes bancos de varejo, como Bradesco e Santander, divulgaram notas em que adotam um tom elogioso para a oficialização de Levy, Barbosa e Tombini. O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que a entidade está mais otimista com o ano que vem. A Federação das Indústrias do Rio (Firjan) foi na mesma linha e lembrou da atuação de Levy à frente das contas públicas do Estado do Rio.

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