sábado, 13 de dezembro de 2014

Igor Gielow - Fim da linha

- Folha de S. Paulo

Esgotaram-se as condições políticas para a manutenção de Graça Foster à frente da Petrobras, e quaisquer protelações adicionais por parte do Planalto só trarão o escândalo para a mesa de Dilma Rousseff --circulando por seu gabinete ele já se encontra.

O fato de a Petrobras não negar o conteúdo das denúncias da ex-gerente Venina da Fonseca sobre falcatruas na famigerada Diretoria de Abastecimento, ainda que seja omissa sobre os alertas que ela diz ter feito a Graça, é revelador.

A estatal, em soberba típica dos tempos em que se achava o farol do futuro, disse que apurou e "encaminhou às autoridades competentes" seus achados. Mesmo? Enquanto isso, por exemplo, a refinaria de Abreu e Lima viu seu custo explodir.

A questão é que até o procurador-geral da República, nem de longe um quadro antipetista, já pediu a cabeça de Graça e dos diretores da estatal. Com Venina e seus e-mails, naturalmente a depender de apuração judicial, parece ser o fim da linha para a presidente da Petrobras.

É um pesadelo dentro de um sonho ruim para o governo. Graça é a última linha de defesa de Dilma. Presidente, a ex-ministra colocou a executiva como um "doppelgänger", seu duplo no comando da megaestatal na qual mandava e desmandava. Graça encarnava o mito Rousseff, a gerente dura e implacável. Simbolicamente, ela era Dilma.

A maré da crise é implacável. No começo da Lava Jato, ministros enchiam a boca para dizer que Graça havia "limpado" diretorias da Petrobras sob ordens dilmistas. Era enfim uma má explicação, já que tudo indica que, se ocorreu, foi uma faxina interna e ineficaz. O Ministério Público demonstrou que a roubalheira estava em curso até o mês passado.

Nada disso é inédito. Lula escapou do mensalão com a cabeça de José Dirceu na algibeira. Irão ele e Dilma sobreviver agora ao caso Petrobras? Corta para o próximo capítulo.

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