domingo, 14 de dezembro de 2014

Investidores nos EUA aceleram fuga dos papéis da Petrobras

• Com escândalo de corrupção, 15% dos fundos eliminaram a estatal brasileira dos seus portfólios

• Gigantes como Franklin Mutual e T Rowe Price estão entre os que se desfizeram de ao menos parte do investimento

Giuliana Vallonede – Folha de S. Paulo

NOVA YORK - O escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras afugentou grandes investidores da companhia no mercado dos Estados Unidos.

Levantamento feito pela Folha mostra que 25% dos investidores institucionais (fundos de pensão, seguradoras, fundos de investimento) reduziram em ao menos um terço o número de ADRs (recibos de ações) ordinários --os mais negociados na Bolsa de Nova York-- que possuíam desde o início do semestre.

Entre eles, 15% venderam todos os papéis que constavam em seu portfólio. Considerando todos os fundos com ADRs da petrolífera nos EUA, 10% zeraram o número de ações desde o início de julho.

Os fundos de investimento vêm reduzindo suas apostas na companhia brasileira desde março, quando a Operação Lava Jato revelou os primeiros detalhes do esquema de subornos e superfaturamento dentro da Petrobras.

O cenário para a empresa no mercado norte-americano não é fácil. Além das notícias constantes sobre os desdobramentos do escândalo no Brasil, a Petrobras é investigada pelas autoridades regulatórias americanas e processada por investidores.

Com essa perspectiva, o volume de negócios da Petrobras em Nova York ficou acima da média mensal dos últimos dois anos (509 milhões) em todos os meses a partir de agosto, atingindo o pico em outubro, com 1,4 bilhão.

Os ADRs ordinários da Petrobras acumulam desvalorização de 51% entre julho e sexta-feira passada (12).

A Franklin Mutual, gigante do gerenciamento de investimentos, vendeu cerca de 20 milhões de ações no terceiro trimestre, 90% de todos os papéis que possuía. A T Rowe Price se desfez de mais 18 milhões no mesmo período.

"É arriscado manter esses investimentos. A ação continua caindo e ninguém sabe dizer se já chegou ao fundo do poço", afirmou um analista do mercado em Nova York, que não quis se identificar.

"Uma parte da redução pode se reverter quando o balanço for divulgado. Mas isso não significa que o risco vá embora. Ninguém sabe quais serão as consequências para a empresa se esses escândalos se provarem verdadeiros."

Procurados, os fundos de investimento afirmaram que não comentam movimentações em seus portfólios.

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