terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Oposição articula adesão em bloco à eleição de Cunha

• Integrantes do PSDB, PSB, PPS e PV dizem que "terceira via" ficou inviável e que o melhor é garantir a derrota do PT

• Siglas oficializarão posição até sexta (30); aliado de Júlio Delgado nega desembarque da candidatura pessebista

Daniela Lima, Marina Dias – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na reta final da disputa pela presidência da Câmara, os partidos que sustentam o nome de Júlio Delgado (PSB-MG) para o comando da Casa articulam um desembarque em bloco da candidatura pessebista em favor da eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O peemedebista é o favorito para o posto, mas corre o risco de enfrentar uma eleição de dois turnos se Delgado permanecer na disputa. Caso o movimento da oposição se concretize, crescem as chances de Cunha liquidar a fatura em um turno só e alijar o PT dos principais cargos da Câmara dos Deputados.

O argumento para o desembarque da candidatura de Delgado é pragmático. Integrantes do PSDB, PPS e do próprio PSB ouvidos pela Folha dizem que insistir em uma terceira via sem chance real de vitória é "relegar a oposição ao nanismo em todos os postos da Casa".

"Como vamos atuar e defender nossa agenda se estivermos fora de todas as comissões importantes?", questiona um tucano de São Paulo.

A ocupação de cargos e comissões na Câmara é definida de acordo com o tamanho dos blocos que se agrupam antes da eleição do presidente da Casa. Hoje, o grupo de partidos que apoia Cunha é o maior. O petista Arlindo Chinaglia (SP), que polariza a disputa com o peemedebista, vem logo atrás, seguido pelo grupo de Delgado.

Na definição do comando das comissões, portanto, o grupo de Cunha, com o PMDB à frente, teria prioridade. Depois, seria a vez do bloco comandado pelo PT de Chinaglia e, só então, viriam as indicações da oposição.

"Não tem comissão para todos. No nosso caso, PPS e PV, que são as menores bancadas, teriam que dividir uma comissão entre eles", destacou um pessebista.

Cunha se reuniu nesta segunda (26), em São Paulo, com a bancada do PSDB no Estado --e, segundo um interlocutor, sinalizou que, se houver acordo, os tucanos podem ficar com a vice-presidência da Câmara. Teria dito ainda que colocaria PPS e PV em uma comissão cada.

Se levar a oposição, Cunha terá deputados suficientes para relegar cargos menos relevantes da Casa ao PT.

"Fator Aécio"
Delgado, que já vinha reclamando de dissidências, sabe que um acordo entre Cunha e o PPS ou o PV seria suficiente para uma debandada em sua chapa, o que pode levá-lo a abandonar a disputa.

Nesse cenário, tem "amarrado" os tucanos (maior partido de sua base) com a tese de que o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, é "o fiador" de sua candidatura.

Nesta segunda, Delgado se reuniu em Brasília com os principais nomes do PSB.

"Não há qualquer movimento de desembarque", disse Beto Albuquerque, vice-presidente do PSB. "O governador Paulo Câmara (PE) falou com Aécio por telefone e ele garantiu 85% dos votos no PSDB para o Júlio."

Dois tucanos foram escalados para discutir o assunto com Aécio. Os deputados de São Paulo também fecharam apoio a Carlos Sampaio (PSDB-SP) para líder da bancada.

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