sábado, 24 de janeiro de 2015

Roberto Freire - A presidente do apagão

- Gazeta do Ipiranga (SP)

O dia 19 de janeiro de 2015 ficará marcado como símbolo do descalabro na administração petista. Com apenas 20 dias decorridos de seu segundo mandato e menos de três meses após ser reeleita presidente da República, Dilma Rousseff é a grande responsável pelo apagão que deixou milhões de brasileiros de dez estados e do Distrito Federal sem luz no meio da tarde da última segunda-feira. Algumas horas depois, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou um pacote fiscal que sacrifica a classe média e os trabalhadores assalariados mais pobres. Um escárnio duplo, promovido por um governo incompetente que parece já ter terminado antes mesmo de começar.

O corte de energia que levou o caos a algumas das principais cidades brasileiras se deu após o Operador Nacional do Sistema (ONS) desconectar milhares de unidades consumidoras para evitar um blecaute mais duradouro. Um dos principais motivos alegados pelo governo foi o pico de consumo de energia registrado naquela tarde de forte calor em todo o Brasil. Como não seria possível suprir a demanda, o ONS determinou a redução do fornecimento e deixou várias regiões do país às escuras.

Esta não é a primeira vez que a sociedade é penalizada pela irresponsabilidade do governo Lula/Dilma no setor elétrico. Desde 2011, primeiro ano de mandato da presidente, foram registrados nada menos que 240 blecautes no país. Mas o episódio mais grave ocorreu em 10 de novembro de 2009, ainda no governo Lula, quando Dilma ocupava o cargo de ministra-chefe da Casa Civil (depois de ter comandado a pasta de Minas e Energia). Grande parte do país ficou no escuro, e a então futura candidata ao Planalto afastou, com a arrogância que lhe é peculiar, qualquer possibilidade de racionamento.

Desta vez, como naquela oportunidade, a falácia do discurso lulopetista é facilmente desmontada pelos fatos. Apesar de o governo continuar negando, especialistas no setor elétrico falam abertamente em um racionamento de energia em curso no país. Com a infraestrutura sucateada e a falta de planejamento em uma área tão estratégica, só não vivemos pior situação devido ao pífio crescimento da economia. Se o PIB avançasse a taxas minimamente razoáveis, já estaríamos todos à luz de velas. E a responsabilidade é de Dilma, que comandou o setor nos últimos 12 anos, seja como ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil ou presidente da República.

No mesmo dia 19 de janeiro, enquanto o país se refazia do apagão, o governo anunciava um “pacotão” de maldades que revela a magnitude do estelionato eleitoral representado por Dilma Rousseff. Joaquim Levy, o ultraliberal e ortodoxo ministro da Fazenda escolhido para atender aos banqueiros e ao sistema financeiro - tão demonizados pelo PT durante a campanha eleitoral –, confirmou o aumento de impostos com a retomada da cobrança da taxa sobre combustíveis, a elevação da alíquota do PIS/Cofins para gasolina, diesel e produtos importados, o reajuste da faixa para operações de crédito para pessoa física, entre outras medidas.

Como se não bastassem todas essas medidas do pacotão de maldades, Dilma vetou a correção em 6,5% da tabela do Imposto de Renda de pessoas físicas, aprovada em dezembro pelo Congresso, aprofundando a já perversa tributação regressiva no país e praticando um inaceitável confisco sobre os assalariados e a classe média brasileira.

O governo lulopetista adota o receituário liberal que tanto demonizou no período eleitoral. Dilma e sua equipe colocam em prática rigorosamente tudo o que disseram que seus adversários fariam caso fossem eleitos. E o PT, mais uma vez, usa a mentira como método, engana a população brasileira e se desmoraliza ainda mais. O resultado de tamanho desmantelo é o que vimos neste histórico 19 de janeiro de 2015: um país às escuras, castigado pela irresponsabilidade de quem o dirige.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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