sábado, 17 de janeiro de 2015

Senador de Pernambuco inicia reaproximação do PSB com governo Dilma

• Em conversa com ministros, bezerra defende que independência não é oposição

Júnia Gama – O Globo

Ex-ministro do governo de Dilma Rousseff, o senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PE) está comandando uma reaproximação de seu partido, o PSB, com o governo. Desde dezembro, ele conversou com ministros como Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Cid Gomes (Educação) e Gilberto Kassab (Cidades) com o objetivo de reconstruir pontes e deixar claro que a posição de independência do partido não é sinônimo de oposição. O PSB se afastou do governo quando ex-governador Eduardo Campos, falecido em agosto, candidatou-se à Presidência da República.

Em entrevista ao GLOBO, Bezerra defendeu que a posição de independência que a Executiva do partido decidiu adotar em novembro do ano passado seja revista, de olho nas eleições municipais do próximo ano. Ele diz que seu primeiro objetivo é desfazer suposições de que o partido estaria alinhado à oposição, especialmente após a formação do bloco de apoio ao deputado Júlio Delgado (PSB-MG) para a presidência da Câmara, com PSDB, PPS e PV.

- Essa posição de independência precisará ser reavaliada até setembro, quando se inicia o processo para o calendário das eleições municipais. O PSB não tem hoje a liderança nacional que tinha com Eduardo Campos para ter um projeto próprio nas eleições de 2018. Então, vai ter que discutir uma política de alianças. Com esse calendário eleitoral, é preciso saber quais vão ser os parceiros principais. A história do PSB é de ter alianças a nível nacional com o PT. Vamos opinar que na definição de alianças o PSB procure as parcerias que sempre tivemos com o PT - disse Bezerra.

O ex-ministro disse que, mesmo que o partido volte a integrar a base, deverão ser respeitadas as autonomias dos diretórios dos estados onde há alianças com a oposição, como Minas Gerais e São Paulo. E diz que "está fora de cogitação" o PSB voltar a ocupar cargos no governo Dilma.

Casagrande defende independência
Renato Casagrande, ex-governador do Espírito Santo, disse que não há conversas institucionais com o governo e defendeu que seja mantida a posição de independência.

- O partido não conversa, nem recebeu nenhuma demanda para voltar a ter relação com o governo. Tem gente no PSB que tem mais relação com governo e com PT, e nossa posição de independência não nos impede de conversar nem com governo nem com oposição. Mas não há previsão de mudar de posição - disse Casagrande.

O deputado Júlio Delgado, que conta com apoio da oposição para se eleger, também é cauteloso ao dizer que sua candidatura é de independência, e não de oposição, já que também tentará buscar votos da base do governo.

- Tenho apoio de dois partidos de oposição e de dois partidos independentes. A posição do partido foi dada pela Executiva. Nem a minha candidatura, nem a tentativa dele de reaproximação vão mudar isso. A candidatura também é da oposição, mas é candidatura de independência.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e o prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), pretendem manter posição de independência por coerência com a postura que o partido adotou nas eleições do ano passado.

- Não quer dizer que o partido vá adotar uma postura de oposição e se alinhar com PSDB e DEM, mas também não vai participar do governo com ocupação de cargos - disse um interlocutor dos pernambucanos.

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