quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Em novo ataque ao governo, Renan diz que houve ‘escorregadão’ na política fiscal

• Presidente do Senado defende aprovação da PEC da Bengala como "medida de economia"

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA – Um dia depois de chamar a coalizão de governo “capenga”, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou ao ataque nesta quarta-feira e disse que houve um “escorregadão” na política econômica e fiscal da gestão da presidente Dilma Rousseff e não uma “escorregadinha”, como declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Renan disse que é preciso haver cortes nas despesas públicas e até em cargos comissionados. O presidente do Senado ainda defendeu a aprovação da chamada PEC da Bengala, apesar de o governo ser contra a proposta.

Renan disse que a PEC da Bengala foi aprovada no Senado em 2005 e que agora precisa passar na Câmara. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já disse que quer a votação da medida, que retira a liberdade de Dilma de indicar cinco novos ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF). Renan disse que o PMDB quer participar as decisões do governo, repetindo o discurso de alerta ao governo sobre o partido estar insatisfeito com a falta de poder na tomada das ações.

— O ministro (da Fazenda) falou que tinha havido uma escorregadinha do ponto de vista fiscal. Parece que não foi uma escorregadinha, foi um escorregadão e que o ajuste tem que ser mais amplo, mais profundo. Que o ajuste tenha começo, meio e fim e que a sociedade entenda, desde logo, que o ajuste vai reequilibrar o país do ponto de vista fiscal e que o país, como consequência, vai retomar o crescimento — disse Renan, acrescentando:

— Esse é o papel do PMDB, é ajudar na definição das políticas públicas. Coalizão é isso. Não é discutir cargos, espaço, é discutir programas, o que fazer, quais são as prioridades.

Indagado se o governo deveria cortar nos cargos comissionais, Renan respondeu:

— Em tudo, o setor público...Nós cortamos no Senado. O papel do PMDB é estabelecer um fundamento para a coalizão. Quais são os compromissos para a coalizão. Esse ajuste resolve? Está sendo feito na profundidade que a sociedade cobra? O que está sendo feito no setor público, nos contratos?

Renan informou também que o ex-presidente Lula disse que queria fazer uma “visita”.

— A qualquer hora, ele será muito bem recebido. Ele combinou fazer uma visita.

Com o discurso afiado, o presidente do Senado chegou a dizer que a aprovação da PEC da Bengala é uma “medida de economia”. A Proposta de Emenda Constituição (PEC) aumenta de 70 anos para 75 o limite de idade para aposentadoria dos magistrados, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Outra coisa que é importante que se diga, é uma medida de economia para o Brasil, e o Senado não está querendo ter o protagonismo nisso, é a chamada PEC da Bengala. É fundamental essa proposta que foi apreciada e aprovada pelo Senado em 2005 e que seja agora apreciada na Câmara. É evidente que, como foi em 2005, ela não foi contra ninguém, absolutamente. Ela foi em favor do Brasil, porque ela significa, entre outras coisas, economia. Em 2005, não era a Dilma (a presidente da República) — disse Renan.

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