quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Presidente discute com Lula falhas na condução do governo

• A petistas ex-presidente criticou a articulação política do Planalto e a escolha de Bendine para a Petrobras

• Conversa entre os dois está marcada para esta quinta-feira; desde a posse, eles tiveram um único encontro público

Andréia Sadi, Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Isolada desde o agravamento da crise no comando da Petrobras e da derrota nas eleições da Câmara, a presidente Dilma Rousseff vai se reunir nesta quinta-feira (12) com o ex-presidente Lula para discutir as falhas na condução do governo no início do segundo mandato.

Desde a posse, em 1º de janeiro, Dilma e Lula tiveram um único encontro público, na sexta (6), durante festa de comemoração dos 35 anos do PT, em Belo Horizonte. Mas não conversaram a sós.

No último mês, assessores presidenciais e petistas apontam que há um distanciamento entre Dilma e Lula, período em que ela teria tomado decisões solitárias e consultado apenas o chamado núcleo duro do Planalto, comandado pelo ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

A expectativa de petistas e de integrantes do governo é que o ex-presidente aponte à pupila, durante a conversa, erros na articulação política e na comunicação que levaram a derrotas no Congresso e piora da situação na Petrobras.

Lula, no entanto, tem dito a aliados que "desistiu" de tentar aconselhar Dilma.

A portas fechadas, Lula criticou em reunião com petistas na última sexta-feira a articulação do governo durante a eleição da Câmara, vencida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Segundo petistas, Lula disse que era impossível ministros cometerem um erro desta dimensão. E que era inaceitável os partidos de ministros recém-nomeados terem votado contra o governo.

O Palácio do Planalto foi acusado por Cunha de interferir na disputa da Câmara oferecendo cargos a congressistas em troca de votos em Arlindo Chinaglia (PT-SP). Os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais) são alvo de críticas no próprio PT pela operação mal sucedida de negociação na Casa.

Além da articulação política, o ex-presidente diz, reservadamente, que as medidas anunciadas pela equipe econômica deveriam ter sido avisadas à CUT (Central Única dos Trabalhadores) antes de anunciadas. A central, ligada ao PT, se queixa de ter sido informada dos ajustes juntamente com outras centrais, como a Força Sindical, que fez campanha para Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014.

Petrobras
Aliados de Lula afirmam que ele foi comunicado, e não consultado, sobre a escolha de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras. O ex-presidente gosta de Bendine, mas, segundo amigos, avaliou que ele não era o melhor nome para o momento.

Um petista que conversou com Lula disse que o ex-presidente chamou de "gol perdido" a indicação de Bendine. Para lulistas, o substituto de Graça Foster deveria ser um "novo Levy", em referência ao ministro da Fazenda.

Não alinhado ao PT, Joaquim Levy surpreendeu o mercado financeiro com a promessa de resgatar a credibilidade da equipe econômica.

Procurado pela Folha, o Instituto Lula diz que o ex-presidente repudia e lamenta a "reiterada prática do jornal Folha de S.Paulo de lhe atribuir afirmações a partir de supostas fontes anônimas, dando guarida e publicidade a todo o tipo de especulação".

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