quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ricardo Noblat - A vergonha de depender do PMDB

- O Globo

Pergunta incômoda que teima em ser feita: por que não há um só ministro do PMDB no chamado "núcleo duro" do governo? Por "núcleo duro" entenda-se o grupo de ministros com os quais a presidente Dilma Rousseff de fato governa o país.

Fazem parte do grupo: Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil; Pepe Vargas, ministro das Relações Institucionais; Jaques Wagner, ministro da Defesa; Miguel Rosseto, secretário-geral da Presidência; José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, e Ricardo Berzoini, ministro das Comunicações. Todos do PT.

O PMDB é o sócio preferencial do PT no apoio a Dilma. Manda no Congresso por meio dos presidentes do Senado (Renan Calheiros) e da Câmara dos Deputados (Eduardo Cunha).

No primeiro mandato de Dilma, o PMDB teve cinco ministérios. No mandato atual, seis. Mas os cinco eram mais importantes do que os seis de agora. Tinham mais poder.

Sempre se pode alegar que o vice-presidente da República é do PMDB - Michel Temer. Mas, e daí?

Dilma não ouve Temer para quase nada. Este ano, por exemplo, ainda não conversou com ele.

Joaquim Levy, ministro da Fazenda, reuniu-se ontem à noite com Temer, ministros e principais líderes do PMDB para pedir apoio às medidas antipopulares do ajuste fiscal.

Dilma ficou de conversar sobre isso com Temer, Renan e Eduardo. O PT quer deixar para o PMDB o encargo de publicamente se responsabilizar pela aprovação do ajuste.

Assim não dará certo.

Dilma, a turma dela e o PT têm vergonha de serem vistos na companhia do PMDB. Como se o distinto eleitorado não soubesse que é do PMDB que eles dependem. Como se eles fossem melhores do que o PMDB.

O mais forte sinal de que o PMDB arrebitou o nariz e não quer se manter a reboque do PT será dado amanhã em programa do partido no rádio e na televisão.

Dilma e o PT parecem esquecidos que foi por poucos votos que o PMDB manteve o apoio à reeleição de Dilma. Quase metade dele apoiou a eleição de Aécio Neves (PSDB) a presidente.

Estejam certos: haverão de beijar a cruz quantas vezes sejam necessárias se quiserem contar com a ajuda do PMDB.

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