segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sem perspectiva de melhora a curto prazo

• Para especialistas, má fase da presidente aumentará com economia e Petrobras

Tatiana Farah e Leonardo Guandeline – O Globo

Sem perspectiva de melhora. Esta é a avaliação de especialistas ouvidos ontem pelo GLOBO sobre o desempenho da presidente Dilma Rousseff na última pesquisa do Dataiolha, em que seu índice de aprovação, em dois meses, despencou de 42% para 23%. — A curto prazo, o desagrado dos eleitores deve crescer. 

É um cenário adverso, acrescido de questões como a crise energética e a crise hídrica, além dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. E, a médio e longo prazo, a situação vai depender muito das perspectivas econômicas — avalia o cientistas político Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Para Azevedo, a queda da popularidade da presidente se deve à situação econômica, ao clima político, à série de denúncias envolvendo a Petrobras e a uma "dissonância entre a campanha e as medidas que a presidente adotou logo no início do mandato". 

O pesquisador crítica a condução no PT na crise da Petrobras e atribui a isso parte da queda da presidente. Ele estima que, a curto prazo, a tendência é que a situação se agrave ou, ao menos, persista. Para ele, um governo "cingido entre dilmistas e lulistas" ajuda a compor o cenário negativo.

— Ela terá dificuldades políticas, mas esse clima de impeahment é apenas um balão de ensaio , caso os desdobramentos da Lava-Jato ameacem chegar à antessala da presidente — diz ele, que complementa: —O roteiro de defesa do PT na questão da Petrobras é o mesmo adotado durante o mensalão e vai causar um profundo desgaste (ao governo e ao partido).

Essa posição de culpar a mídia e a Polícia Federal é ineficaz e só vai aumentar esse desgaste. O partido não se defende, ele acusa de ser criminalizado.

O cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atribui a queda da popularidade da presidente ao acúmulo recente de más notícias em diversas frentes: economia, crise energética, crise hídrica e Petrobras. A tudo isso, soma-se, segundo ele, um sentimento de frustração de parte da população beneficiada nos últimos anos na área social, que não vê avanços.

Fábio Wanderley diz que a situação de Dilma não deverá melhorar nos próximos meses, principalmente no Congresso:

- Temos uma situação muito especial e má administrada pela presidente e por seu governo, que é inepto. Não há qualquer indício de uma discussão com clareza e de maneira lúcida entre o governo e o Congresso. O clima tende a continuar negativo, pois não vemos algo que possa melhorar essa situação. No Congresso Nacional o governo terá uma vida difícil.

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