sábado, 7 de março de 2015

Opinião do Dia - José Álvaro Moisés

Dilma Rousseff saiu do seu auto imposto silêncio de quase dois meses, semana passada, para tentar desviar a atenção dos fatos cada vez mais graves revelados pela operação Lava Jato e que implicam sobremaneira o partido do governo e seus aliados. Segundo ela, a corrupção na Petrobrás teria sido estancada se nos anos 90 o governo FHC tivesse investigado os malfeitos. A declaração significa que o governo de Dilma e do PT têm conhecimento de fatos daqueles anos que estão na origem dos desmandos dos últimos anos.

A implicação lógica dessa declaração é que caberia aos governos Lula e Dilma, a partir de 2003, não apenas a tarefa de revelar os fatos à opinião pública e iniciar as investigações, mas acionar o Ministério Público e a justiça federal para pedir o processamento e a punição dos implicados.

Que isso não tenha sido feito nos últimos doze anos tem apenas duas explicações possíveis: ou o PT, Lula e Dilma deixaram de fazer o que era de sua responsabilidade – e assim são passíveis de serem enquadrados em crime de responsabilidade -, ou a declaração é mais um elemento do estelionato eleitoral praticado por Dilma Rousseff e por seu partido. Alguém imagina que se eles tivessem realmente elementos para dar fundamento à sua denuncia deixariam de acionar a Polícia Federal para trazer isso a público na atual conjuntura de crise – quando o governo se afunda na sua incompetência política, perde espaço para o PMDB, deixa o país caminhar para a recessão e é incapaz de recompor a sua própria base aliada?

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Professor da USP, Cientista Político, Jornalista e Escritor

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