domingo, 15 de março de 2015

Sarney se torna presidente em 1985

• Primeiro civil a ocupar o cargo no país depois de duas décadas de regime militar

- O Globo

Em 22 de abril de 1985, o Brasil assistiu à confirmação no cargo de seu primeiro presidente civil depois de mais de duas décadas de regime militar. Mas quem havia jurado diante do Congresso não era o mineiro Tancredo Neves, presidente que a população exigiu e o Colégio Eleitoral escolheu, que morrera um dia antes, depois de lenta agonia, sem nem ao menos ter tido tempo de tomar posse. 

Quem iria governar o país pelos próximos anos era seu vice, o maranhense José Sarney, um oposicionista de última hora que só estava ali por conta das engrenagens que movimentam a máquina política. Ele assumira interinamente a Presidência, em 15 de março de 1985, devido à doença de Tancredo e, com a morte dele, foi efetivado no cargo.

Um dos chefes da política do Maranhão desde os anos 60, Sarney foi um dos principais interlocutores civis do governo militar (tanto que João Figueiredo, último presidente com farda, o incumbiu de coordenar sua sucessão). Quando seu partido, o PDS, indicou Paulo Maluf para disputar a eleição indireta, ele se juntou a outros descontentes na Frente Liberal, que se aliou às forças de oposição.

Daí surgiu a Aliança Democrática, com a dobradinha Tancredo-Sarney. Para a esquerda, mal necessário que, com a morte do político mineiro, ela teria que amargar por cinco anos: os quatro constitucionais e mais um negociado por Sarney com o Congresso.

Foi no Governo Sarney que se elaborou uma nova Constituição, dando fim ao que se chamava de "entulho autoritário", e se decretou a moratória unilateral da dívida externa brasileira. A baixa legitimidade de seu mandato perturbou, no início, a autoridade do Sarney presidente. Mas ao lançar o Plano Cruzado, que substituiu a moeda ao mesmo tempo em que congelava os preços, ele devolveu o poder de compra à população.

Agradecidos, brasileiros se transformaram em "fiscais do Sarney" no combate aos aumentos proibidos, dando ao presidente popularidade. Esta só se manteve enquanto o plano deu certo. Nos anos seguintes, o governo tentou controlar a economia à custa de outros três programas de estabilização, mas sem êxito. A inflação estava em mais de 50% ao mês quando os brasileiros foram às urnas, em 1989, para eleger, finalmente por voto direto, o novo presidente.

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