quarta-feira, 22 de abril de 2015

Cerimônia da Inconfidência Mineira é marcada por protestos em Ouro Preto

• A CUT e o Sind-UTE calculam 2,6 mil manifestantes contra o projeto da terceirização e pelo pagamento do piso nacional da educação

Flávia Ayer e Isabella Souto – Correio Braziliense

Em cerimônia marcada por protestos, 141 pessoas foram agraciadas nesta terça-feira com a Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto. Em discurso durante o ato – que durou cerca de 15 minutos -, o governador Fernando Pimentel (PT) destacou o legado de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. “Estamos reunidos para celebrar a memoria de um homem, um herói e um mito. Representa um ideal sublime e difuso”, afirmou Fernando Pimentel. Segundo ele, o espírito de Tiradentes remete à Liberdade. Ele afirmou que o alferes foi “injustiçado” pelos que deixaram a Justiça de lado. “Não poderia ser mais adequado neste momento da história brasileira celebrarmos Tiradentes”, disse.

Durante a fala de Pimentel foram ouvidas muitas vaias e protestos. O ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski, também foi alvo de protestos. Fernando Pimentel chegou a dizer, na abertura de seu discurso, que respeitava as vozes contrárias, mesmo que elas usem “palavras equivocadas”. Durante vários momentos, gritos como “Pimentel traidor” foram entoados pelos manifestantes. A Polícia Militar calcula que cerca de três mil pessoas ficaram do lado de fora da Praça Tiradentes, em Ouro Preto. Aproximadamente 600 ficaram dentro do espaço destinado ao público.

Pimentel fez questão de ressaltar, durante boa parte de sua fala, sobre a necessidade de se fazer justiça, usando como exemplo a “injustiça” cometida ao personagem da história de Minas. “Os difamadores do humilde alferes foram condenados pelo mais implacável dos tribunais: o tempo”.

Sobre Ricardo Lewandowski, principal homenageado da cerimônia, Pimentel disse que o ministro se mostra “fiel a sublime missão da magistratura” e é possuidor de “incomparável senso de Justiça”. Ele aproveitoou para falar sobre o sistema jurídico, ressaltando a necessidade de as conclusões em fatos. “O sistema jurídico perfeito, não é aquele que se alimenta do estardalhaço, mas aquele que se alimenta dos fatos e somente dos fatos", ressaltou.

Fernando Pimentel citou nomes da política de Minas como Milton Campos e Tancredo Neves para dizer que a política no estado se faz com moderação, mas baseada nas leis da ordem e da Justiça. “Equilibrio e moderação,virtudes caras aos mineiros”. O governador encerrou seus discurso falando sobre a necessidade de senso de Justiça e moderação. “Que o equilíbrio e a moderação presidam sempre os poderes da nossa nação. Esse é o desejo de Minas Gerais e de todos os mineiros”, encerrou, exaltando novamente a figura de Tiradentes.

Criada em 1952 pelo governador Juscelino Kubitscheck, a Medalha da Inconfidência possui quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência. Entre os homenageados deste ano estão médicos, professores, advogados, atletas, professores, empresários, artesãos, ministros e secretários de Estado, parlamentares, integrantes do Judiciário e do Ministério Público.

Protestos
Durante toda a cerimônia foram feitos muitos protestos. A CUT e o Sind-UTE calculam 2,6 mil pessoas para manifestacão em Ouro Preto contra o projeto da terceirização e pelo pagamento do piso nacional da educacão. Em alguns dos momentos, o som era usado para abafar o barulho feito pelos manifestantes. Na pauta dos movimentos estava a irritação com a lei da terceirização, com a corrupção e o pedido, por parte dos professores, para fosse pago o piso nacional aos profissionais da educação.

Além de carros e vans, 35 ônibus do Sind-UTE foram para o evento. Os trabalhadores se vestiram de preto e na camiseta estavam os dizeres “luto pela educação”.

Um grupo também organizou um 'panelaço' no local. "Estamos indignados com a corrupcão, desvio de dinheiro, apropriacão da riqueza do pais", disse André Brandão, comerciante de 45 anos, que participa do ato.

O governo do estado não quis responder porque cerca de três mil pessoas ficaram de fora, mesmo tendo espaço na praça.

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