quinta-feira, 7 de maio de 2015

Planalto ‘descola’ Dilma do partido

• Para ministro, misturar governo e PT é "erro"; presidente minimiza protesto e diz que é parte da democracia

Catarina Alencastro, Luiza Damé e Juliana Castro – O Globo

BRASÍLIA e RIO - Um dia depois de o programa de TV do PT provocar um panelaço em todas as regiões do país, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, tentou ontem desvincular a governo da presidente Dilma Rousseff do partido dela. Para Edinho, é um "erro" misturar quotidianamente o governo e o partido e caberia ao segundo se pronunciar sobre o panelaço, uma vez que o conteúdo dos programas partidários são atribuição das legendas.

- Do ponto de vista do trabalho e da atuação, cada um tem seu espaço de trabalho e sua agenda. Misturar, no quotidiano, essas três instituições (o PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apareceu no programa de TV, e o governo) seria um erro - disse Edinho.

Na avaliação do ministro, a fala de Lula contra a terceirização não deve atrapalhar o debate da matéria no Congresso nem a votação de outros projetos de interesse do governo, como as medidas provisórias do ajuste fiscal.

- O presidente Lula tem história, tem credibilidade para se posicionar. Penso que, numa democracia, assim como temos que respeitar as opiniões das ruas, dos partidos e das forças políticas, temos que respeitar as opiniões das lideranças constituídas. A opinião do presidente Lula tem que ser respeitada - afirmou.

A presidente Dilma, por sua vez, minimizou ontem o panelaço e voltou a dizer que ele é parte da democracia.

- Em alguns outros países, manifestações, assumindo a forma de panelaço ou qualquer outra forma, não são consideradas normais. No Brasil, elas são normais, porque nós construímos a democracia. Então, respeitar a manifestação livre das pessoas é algo que conquistamos a duras penas. Eu vejo (a de anteontem) como mais uma manifestação de uma posição diferente da outra - disse ela.

Sobre sua ausência no programa do partido, Dilma afirmou que "nem sempre" participa dele e minimizou o fato de não ter se pronunciado na TV no Dia 1º de Maio. Referindo-se aos três vídeos postados na internet, ressaltou que falou aos brasileiros através de "um forte e novo" veículo de comunicação, mas que também manterá os pronunciamentos "na chamada mídia tradicional".

Dois tipos de eleitor
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, seguiu a mesma linha. Ontem, no Rio, afirmou que o panelaço é parte da democracia, mas que foi feito por dois tipos de eleitores: os que nunca gostaram do PT e os que se decepcionaram com o PT:

- Acho que os que batem panela deveriam gritar pela reforma política, porque só ela dará tranquilidade ao exercício da política sadia no Brasil.

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