domingo, 24 de maio de 2015

PT tenta conter deserções de prefeitos em SP

• Preocupados com rejeição da sigla, petistas de cidades do interior negociam migração para base aliada de Alckmin

• Maior aliado do PSDB em terras paulistas, PSB negocia a filiação de pelo menos nove prefeitos e ex-prefeitos

Gustavo Uribe, Bela Megale – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - No momento em que o partido enfrenta uma das maiores crises de sua história, prefeitos e vereadores do PT em cidades do interior paulista ensaiam migrar para a base aliada do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para a disputa municipal do ano que vem.

O principal motivo da migração é o aumento da rejeição ao PT entre os eleitores paulistas. A preocupação de prefeitos e vereadores é que o fraco desempenho da sigla nas eleições estaduais do ano passado se repita em 2016.

Em 2014, o PT teve sua pior performance na disputa pelo governo estadual desde 1994, e sua bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo caiu de 24 para 14 deputados.

As principais cidades com ameaças de defecções são Araçatuba, Bragança Paulista, Hortolândia, Itupeva e Jaú, todas administradas pelo PT. Nos cinco municípios, políticos do partido negociam com o PSB, comandando em São Paulo pelo vice-governador Márcio França.

"Eu estou na fase de discussões, mas não há nada concreto. Há conversas, não vou negar", reconheceu o prefeito de Itupeva, Ricardo Bocalon (PT), segundo o qual é "preocupante" a atual rejeição ao PT. "Não dá para falar que não é, principalmente em São Paulo", considerou.

Contra-ataque
Para evitar uma debandada, a direção da sigla iniciou esforço para conter desertores. Nas últimas semanas, dirigentes do PT têm feito viagens para cidades do interior na tentativa de aproximar prefeitos e vereadores do partido e convencê-los da importância de tê-los na sigla em 2016.

Segundo relatos de petistas, a movimentação tem aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não escondeu sua preocupação com o enfraquecimento da legenda em São Paulo para a disputa eleitoral do ano que vem.

O cenário pessimista avaliado pelo partido é o de que, caso as defecções se confirmem, o PT pode sair da disputa municipal de 2016 com uma redução de até 30% no número total de prefeituras que comanda no Estado. A sigla administra atualmente 68 municípios de São Paulo.

À espera da senadora Marta Suplicy, que deixou o PT, o PSB paulista tem negociado a migração para a legenda de pelo menos nove prefeitos e ex-prefeitos petistas do interior do Estado para lançá-los na disputa eleitoral de 2016.

O partido pretende filiá-los no final de junho, no mesmo evento de anúncio oficial da entrada da senadora na legenda e depois da formalização da união do PSB com o PPS.

Pela legislação válida, a fusão é uma das prerrogativas para que deputados e vereadores mudem de sigla sem perder o cargo parlamentar.

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