sexta-feira, 1 de maio de 2015

Roberto Freire - O luto e a luta no Primeiro de Maio

- Portal do PPS

No Dia do Trabalho, em meio aos efeitos da grave crise econômica que atinge o país, os brasileiros enfrentam uma sucessão de más notícias resultantes da política econômica dos governos de Lula e Dilma. Em uma data que simboliza a histórica luta dos trabalhadores por seus direitos, este Primeiro de Maio, mais do que nunca, reforça a necessidade do engajamento da classe trabalhadora para preservar e ampliar suas conquistas. Nesse contexto, é sintomático e preocupante que o IBGE tenha divulgado os dados mais recentes do desemprego no Brasil, indicando que o índice subiu 23,1% em março em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo o levantamento, cerca de 280 mil pessoas perderam seus empregos no período, o que impulsionou a taxa de desocupação para 6,2% - o maior percentual em quatro anos, desde maio de 2011, quando alcançou 6,4%. Outro dado preocupante da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que leva em conta as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre, é que o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,8% entre fevereiro e março Em relação a 2014, a queda foi de 3%, a mais acentuada desde fevereiro de 2004.

Apesar da propaganda ostensiva que edulcorou a realidade brasileira e enganou a população durante a campanha eleitoral, a crônica do desastre anunciado vinha sendo escrita há tempos. A opção equivocada do governo Lula pelo incentivo ao consumo desenfreado e sua incapacidade de elaborar um projeto de desenvolvimento nacional fizeram com que o país desperdiçasse oportunidades de crescer com consistência. O resultado de tamanha irresponsabilidade hoje está bem diante de nossos olhos: sofremos com um acentuado processo de desindustrialização, as famílias se endividaram e o desemprego passou a ser uma realidade inescapável.

Como se não bastassem as demissões e a queda da renda dos brasileiros, o governo Dilma já evidenciou qual é a sua prioridade ao defender a aprovação de um ajuste fiscal idealizado pelo ministro Joaquim Levy e feito sob medida para atender aos interesses da banca financeira. E não podemos nos esquecer das amargas medidas que fazem parte desse pacote de maldades, inclusive com a restrição de alguns direitos trabalhistas como o acesso ao seguro-desemprego, abono salarial, auxílio-doença etc. O governo do PT, que se diz tão preocupado com a classe trabalhadora, optou por prestigiar aqueles que sempre se locupletaram das benesses do poder e que, infelizmente, continuarão se locupletando em detrimento do cidadão comum que trabalha e produz.

Sem credibilidade depois de tantas falsas promessas e do estelionato eleitoral que protagonizou, a presidente da República segue encastelada no Palácio do Planalto simplesmente porque não tem mais autoridade para sair às ruas sem ouvir vaias ou falar em rede nacional de rádio e televisão sem que ocorram “panelaços”. A ponto do tradicional discurso da chefe da Nação endereçado aos trabalhadores no Primeiro de Maio ter sido cancelado em rádio e tv, o que prova a desconexão entre Dilma e a sociedade brasileira, além da falência moral e política do PT. É triste constatar que o Partido dos Trabalhadores se recusa a falar diretamente, afinal, com os próprios trabalhadores que diz representar.

Infelizmente, com Dilma e o PT, o Primeiro de Maio se transformou quase em um dia de luto. Mas não podemos esmorecer e devemos continuar na luta. Este Dia do Trabalho é uma grande oportunidade para que os brasileiros se mobilizem contra o arrocho, a perda de direitos, a crise econômica, o desemprego e a corrupção. Vamos à luta por mais direitos, por mais conquistas, por mais dignidade, e contra o maior adversário dos trabalhadores neste momento, que é o governo que aí está.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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