terça-feira, 30 de junho de 2015

Operador que pagou R$ 1,4 milhão a José Dirceu fecha delação premiada

André Guilherme Vieira- Valor Econômico

SÃO PAULO - O lobista que pagou R$ 1,45 milhão à empresa de consultoria do ex-ministro José Dirceu, Milton Pascowitch, fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba nesta segunda-feira e deixou a prisão.

Pascowitch estava preso preventivamente na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba desde 21 de maio por suspeita de operar propinas na diretoria de Serviços da Petrobras por meio de sua empresa, a Jamp Engenheiros Associados. A Jamp fechou contrato com a JD em 2011, para pagamento de serviços supostamente prestados por Dirceu a título de consultoria internacional para a Engevix.

Os investigadores esperam que o lobista forneça detalhes sobre as contratações de navios-sonda e pagamentos por consultorias como os destinados a Dirceu e ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

Pascowitch figura entre os cinco investigados pela Lava-Jato por captar propinas em contratos avaliados em US$ 25 bilhões para a construção de 29 sondas de exploração de petróleo pela Sete Brasil - empresa que também é alvo de investigação da PF e que foi concebida dentro da Petrobras. Ela é formada por ativos de bancos e fundos de pensão públicos e privados.

Um dos sócios da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada, confirmou em depoimento à Lava-Jato que a empreiteira pagou a Pascowitch comissões de 0,75% até 0,9% em um contrato de sondas "que girou em torno de US$ 2,4 bilhões, estando o contrato ainda em execução". O contrato é um dos que o Estaleiro Rio Grande - controlado pela Engevix - assinou para construção de sondas para exploração do pré-sal.

Procurado pelo Valor, o advogado de Pascowitch, Theodomiro Dias, disse que "por impedimento legal" não poderia comentar. A colaboração prevê cláusula de confidencialidade.

Agora chega a 18 o total de delatores na Operação Lava-Jato. São eles:
Lucas Pacce Júnior, ex-gerente financeiro da doleira Nelma Kodama;
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras;
Marici da Silva Azevedo Costa - mulher de Costa;
Shanni Azevedo Costa Bachmann - filha de Costa;
Ariana Azevedo Bachmann - também filha de Costa;
Márcio Lewkowicz e Humberto Sampaio de Mesquita - genros de Costa;
Alberto Youssef, doleiro;
Júlio Camargo, ex-lobista da Mitsui;
Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, executivo da Sog/Setal;
Pedro Barusco Filho, ex-gerente de Engenharia da Petrobras;
Rafael Ângulo Lopez, carregador de malas de dinheiro de Youssef;
Shinko Nakandakari, ex-funcionário da Odebrecht e operador de propinas;
Eduardo Hermelino Leite e Dalton dos Santos Avancini, ex-executivo e ex-presidente da Camargo Corrêa, respectivamente;
Ricardo Pessoa, dono da UTC;
Julio Faermann, lobista;
Milton Pascowitch, lobista.

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