domingo, 12 de julho de 2015

'A gente sempre para não cair precisa ser ajudada', diz Dilma, em Milão

• Presidente diz que seu mandato é firme ao ser perguntada sobre caminhada em rede na Expo Milão

Catarina Alencastro, enviada especial – O Globo

MILÃO - Depois de se equilibrar ao andar por uma instalação de tela no pavilhão do Brasil na Expo Milão, na Itália, na manhã deste sábado, a presidente Dilma Rousseff refutou uma brincadeira de um repórter que perguntou se a rede poderia ser uma metáfora de seu segundo mandato, com ela tentando se equilibrar, mas sem cair. Dilma disse que seu mandato é firme.

— Não, querido, o meu mandato é, eu diria, assim mais firme que essa rede —afirmou, bem-humorada

Ao falar sobre sua caminhada na grande rede, Dilma disse que achou difícil e que, para não cair, precisou de ajuda. Ela caminhou amparada por um funcionário da feira.

— Quando você está lá em cima, você inclina para um lado e imediatamente vira para o outro, você fica balançando mesmo, você consegue equilibrar. Eu não caí, mas a gente sempre para não cair precisa ser ajudada, né — completou.

Em meio à crise política e econômica e enfrentando seu mais baixo índice de aprovação desde que assumiu o poder, em 2011, Dilma tem respondido repetidamente que não vai cair. Em entrevista na segunda-feira passada à ‘Folha de S.Paulo’, ela disse que não há base que sustente sua retirada da Presidência. E a uma TV russa, a quem falou depois de sua passagem para a reunião de cúpula dos BRICS em Ufá, na última quinta, disse que terminará seu mandato.

Sobre o conflituoso relacionamento de seu governo com o Congresso, Dilma disse que não há rebelião por parte dos parlamentares e que contabiliza mais vitórias que derrotas.

— Eu não chamo de rebelião votação no Congresso em que há divergências. A gente perde umas e ganha outras. Se a gente for fazer um balanço, nós mais ganhamos do que perdemos. Nós temos tido aprovação de muitas coisas importantes e temos tido também desaprovações. Agora, isso não significa que haja uma rebelião — afirmou.

Com relação às votações de interesse do governo que enfrentará no Senado, Dilma minimizou a possibilidade de derrota:

— Em uma democracia, se espera que haja debate, não é? Não tem como em país nenhum no mundo você achar que ganha todas no Congresso. Aliás, nos mais democráticos é que se torna mais complexa a aprovação.

Em mais um indicativo de que irá vetar o reajuste aos servidores do Judiciário aprovado pelo Senado na semana passada, a presidente Dilma disse que é impossível o governo sustentar essa medida. E que valores como esse são impraticáveis. Falando pela primeira vez depois de se encontrar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal, esta semana, Dilma disse que o ministro não quer que ela vete o reajuste.

— De fato o ministro Lewandowski pleiteia que não haja veto. No entanto, nós estamos avaliando, porque é impossível o Brasil sustentar um reajuste daquelas proporções. Nem em momentos de grande crescimento se consegue garantir reajustes de 70%. Muito menos no momento em que o Brasil precisa fazer um grande esforço para voltar a crescer. Tem certos valores, certas quantidades de recursos que algumas leis exigem e que são impraticáveis. O país não pode fazer face a isso. Nenhum segmento do funcionalismo público está isolado dos demais. Não é possível supor que um país qualquer do mundo hoje tem condições de dar reajuste de 70% para qualquer segmento de seu funcionalismo público — explicou Dilma

Assinado pelo STF, o projeto aprovado pelo Congresso aumenta os salários dos funcionários do Judiciário de 53% a 78,56%. O Ministério do Planejamento estimou que o rombo, caso o aumento passe a valer, será de R$ 25,7 bilhões em quatro anos.

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