terça-feira, 28 de julho de 2015

Aécio diz que Dilma constrange governadores ao tentar encontro

• Tucano convocou indignados para protesto e disse que só quer ser presidente pelo voto

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta segunda-feira que a única responsável se, por alguma decisão institucional não conseguir concluir o mandato, é a própria presidente Dilma Rousseff, e não a oposição. Ao retornar a Brasília, ele criticou a tentativa do PT e da presidente de “dividir sua crise” com os governadores, ao constrangê-los a participar de uma "reunião desnecessária", na próxima quinta-feira, para discutir o projeto de reforma do ICMS.

Na próxima semana o PSDB começa a veicular inserções de 30 segundos convocando “os indignados” com a crise, a participar da manifestação nacional marcada pelos movimentos de rua, para o dia 16 de agosto.

O tucano negou que haja divisão no PSDB sobre o destino da presidente, se deveria ser afastada por impeachment, cassação do diploma da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou se ela deve cumprir seu mandato até o fim. Aécio disse, entretanto, que o PSDB não pode desconhecer a realidade das ruas e a indignação da sociedade.

Segundo Aécio, apesar de se aproximar dos movimentos de rua para a manifestação que se anuncia gigantesca, o PT e o governo erram o alvo ao culpar a oposição por um eventual impedimento da presidente Dilma.

— O que vai acontecer depende mais do governo e do PT do que dos partidos de oposição. O que queremos é que as instituições funcionem e façam o seu trabalho. Eu digo uma coisa: se um dia eu tiver a oportunidade de ser presidente da República, será unicamente pelo caminho do voto, não por outra saída qualquer. Mesmo porque ninguém conseguirá enfrentar a profunda crise que atravessamos se não for legitimado pelo voto. Para nós o calendário de 2018 sempre foi o mais adequado, mas a presidente Dilma só agrava a situação a cada dia, o que deixa a incerteza de cumprir seu mandato até o final — disse Aécio.

Julgamento de contas no TCU
Ele criticou a condução dada ao processo das contas da presidente que serão julgadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pelo advogado geral da União, Luís Inácio Adams, pela presidente e seus ministros. Chamou de “patética” a entrevista de Adams dizendo que o julgamento tem de ser técnico, mas afirmou que “por debaixo dos panos” estão constrangendo os ministros e os governadores para agirem politicamente para impedir a reprovação das contas.

— O constrangimento chega ao inimaginável de ameaças veladas e de trazer a Brasília os governadores para dar apoio a presidente Dilma para tirar uma fotografia e simular apoio por uma coisa com a qual não tem nada a ver. Essa reunião é uma busca de socorro de alguém que quer que lhe joguem uma boia salva-vidas. O que a presidente tem é de fazer um mea-culpa para ver se recupera um pouco da credibilidade que ainda lhe resta — criticou Aécio.

O presidente do PSDB diz que é natural que governadores se reúnam com a presidente para discutir problemas administrativos. Mas nesse caso, a reunião de quinta-feira não passa de uma tentativa de “cooptar” apoios de setores da oposição, o que seria uma clara demonstração de fragilidade do governo.

'FH deu o tom certo'
Sobre os recados dados pelo Planalto de busca de um pacto pela governabilidade com as oposições, Aécio disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu o tom certo: não se dá socorro para salvar o que não deve ser salvo. Ironizando, Aécio disse que o PT trava uma disputa desleal com o PSDB, porque faz mais oposição ao governo Dilma do que todos os partidos de oposição juntos.

— Fernando Henrique deu o tom certo: quem pariu Mateus que o embale. Não nos culpem . A instabilidade que atravessam é obra desse governo. Isso não é mais um governo. É um arremedo de governo e o desfecho da presidente Dilma é responsabilidade exclusiva dela, não das oposições — disse Aécio, completando.

— Não se conversa com quem não se confia. E nós não confiamos no PT.

Com um levantamento das pedaladas fiscais, Aécio mostrou que entre setembro, antes das eleições, e dezembro, depois de reeleita, a presidente Dilma e a equipe econômica esconderam um buraco de R$100 bilhões nas contas do governo.

— Isso é fraude. A presidente Dilma não deu a população brasileira a oportunidade de fazer sua escolha com base na realidade que eles esconderam — disse Aécio, comparando as pedaladas e maquiagem fiscal aos crimes de colarinho branco.

— Se o presidente de um banco pega o dinheiro dos correntistas para pagar suas contas ele vai preso. Isso é muito fácil de ser compreendido. Se eles não forem responsabilizados por isso vamos voltar ao tempo das republiquetas — disse.

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