quinta-feira, 16 de julho de 2015

No parlamentarismo, "ninguém vai escolher um salvador da pátria", diz Freire

Por: Assessoria do parlamentar

Presidente do PPS afirma que novo regime de governo seria a alternativa mais democrática para a resolução de crises e projeta impeachment caso TCU reprove contas de Dilma

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, voltou a defender a instituição do parlamentarismo no Brasil a partir da próxima legislatura, em janeiro de 2019. Em entrevista ao programa “Falou, Tá Gravado”, comandado pelo apresentador Odilon Miau, na Rádio Integração FM, de Caraguatatuba (SP), nesta quarta-feira (15), o parlamentar disse que não vê alternativa mais democrática para a resolução de crises políticas e impasses institucionais.

“Você não elegerá um presidente, mas é a maioria que vai governar o país. Muitas vezes você elege um presidente, mas ele não consegue ter maioria no Congresso. Se fosse parlamentarismo, Dilma já teria ido embora para casa há muito tempo”, afirmou Freire. “E o mais importante do parlamentarismo: se não houver maioria, o Congresso é dissolvido e o povo vota para escolher uma nova maioria. Sem gerar nenhuma crise e nenhum impasse. Não há nada mais democrático que isso.”

Segundo o presidente do PPS, o parlamentarismo traria uma nova dinâmica à democracia brasileira e um amadurecimento político ao país, que adotaria o mesmo sistema utilizado pela maioria das principais nações democráticas do mundo. “Ninguém vai escolher um salvador da pátria, alguém que vá resolver todos os nossos problemas. Vamos escolher o partido e o programa que vai formar a maioria e governar.”

Impeachment
Questionado sobre o momento delicado vivido pelo país, com uma grave crise econômica aliada à crise política, Roberto Freire comparou a situação da presidente Dilma Rousseff com o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992. “A situação é complicada para ela [Dilma] e para o Brasil. Por isso mesmo é que se admite a possibilidade de impeachment”, avalia o deputado.

“Seria muito melhor para o país que não estivéssemos enfrentando essa situação crítica. Mas cabe dizer que o impeachment pode se impor. Ninguém o desejava lá atrás, com Collor, mas tivemos de fazer. Era muito mais importante para o país que removêssemos aquilo que era a causa de todo o desmantelo e a corrupção, que é o que está acontecendo agora com Dilma”, prosseguiu Freire.

Para o parlamentar, caso o Tribunal de Contas da União (TCU) emita um parecer que recomende a rejeição das contas do governo Dilma, o pedido de impeachment deverá ser protocolado na Câmara dos Deputados. “O TCU, ao que tudo indica, rejeitará as contas de Dilma pelas chamadas pedaladas fiscais. É crime de responsabilidade, previsto em lei, nos termos da Constituição, tudo dentro da legalidade democrática. Se isso acontecer, não tenho dúvida de que o pedido de impeachment terá tramitação na Câmara”, diz Freire.

Na entrevista, o presidente do PPS afirmou que o país vive “tempos sombrios” desde que o PT chegou ao poder, com “a corrupção desenfreada e os maiores escândalos da história republicana”. “Não foi o PT que inventou a corrupção. Mas, infelizmente, no governo do PT ela alcançou uma forma sistêmica como nunca houve antes na história republicana.”

O deputado ainda lembrou que muitos dos efeitos da crise sentidos pela população brasileira são decorrentes da irresponsabilidade do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Tivemos um grande momento de crescimento da economia internacional, e o Brasil se beneficiaria muito disso se tivesse um bom governo aqui. Como tínhamos um péssimo governo, desperdiçamos oportunidades e hoje pagamos o preço”, analisa. “Esse endividamento das famílias é responsabilidade de Lula, que incentivou um consumismo que lhe dava índices de popularidade altíssimos. Nenhum país cresce baseado no incentivo ao consumo.”

Segundo Freire, a recuperação da economia brasileira é possível, mas não acontecerá em um futuro tão próximo. “Não será nem a curto nem a médio prazo, até porque a economia não produz nenhum milagre”, projetou. “De qualquer forma, a economia brasileira tem um grande potencial. Se você tiver um governo que inspire confiança, que seja decente, que seja honesto, que tenha clareza sobre o que vai fazer, com um projeto de desenvolvimento nacional, é possível encontrar um caminho. É preciso haver um novo governo.”

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