segunda-feira, 6 de julho de 2015

Opinião do dia – Luiz Werneck Vianna

Tudo somado, em que pese a gravidade da crise atual, ela, como se diz, pode abrir uma janela de oportunidade para a afirmação da atividade política, como se pode entrever no retorno à ribalta do tema do federalismo, calcanhar de aquiles desde o Império, do autoritarismo político entre nós, nas mudanças com que os partidos políticos já se empenham em busca de enraizamento na vida social, na reforma política, ainda em andamento no Parlamento, cujo desenlace pode ser mais feliz do que os céticos preveem. E last but not least, com a constatação de que acaba de soar o canto de cisne do capitalismo de Estado que, ora mais, ora menos, informou nosso longo processo de modernização, pavimentando o caminho para a cultura da estatolatria, que medra melhor quando se reduz a sociedade à passividade.

São transformações relevantes ao alcance da mão, se encontrarem o tempo necessário para sua maturação, que, com os auxílios da virtude da serenidade, podemos garantir. Tanto no front político ou judicial, nesse pandemônio em que nos metemos, não há bala de prata que nos livre, de um só golpe, dos males que nos afligem.

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Luiz Werneck Vianna é sociólogo e professor da PUC-RJ. O pandemônio e o elogio da serenidade. O Estado de S. Paulo, 5 de julho de 2015.

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