segunda-feira, 20 de julho de 2015

PMDB do Rio e bancada federal evitam solidariedade

Cristian Klein – Valor Econômico

RIO - No PMDB do Rio, a maior seção estadual do partido, e reduto de Eduardo Cunha, o rompimento do presidente da Câmara com o governo federal é considerado uma atitude "pessoal", que "não tem nada a ver com o PMDB", na linha dos caciques nacionais - à exceção do presidente do Senado, Renan Calheiros, que ontem jogou água no moinho de Cunha, em vídeo repleto de críticas à administração petista.

No Rio, o presidente da Câmara não recebeu apoio das principais figuras do partido. O prefeito Eduardo Paes, cauteloso, evita confusão com a presidente Dilma Rousseff, que representa uma parceria essencial na realização da Olimpíada de 2016. O governador Luiz Fernando Pezão - cuja saída de uma crise financeira depende da ajuda da União - demonstrou, na sexta-feira, apoio à Dilma, logo após o anúncio de rompimento de Cunha. Como já fizera durante a campanha no ano passado, quando se manteve à distância do movimento Aezão - que pediu votos para ele e para o adversário de Dilma, o senador mineiro Aécio Neves.

Mesmo o setor que fez campanha contra a petista e a favor do tucano não prestou solidariedade a Eduardo Cunha. De acordo com uma fonte graduada da legenda, "não se deve misturar questões pessoais com a responsabilidade com o país e com a governabilidade".

O comportamento de Cunha é visto como uma demonstração de perda de força, pois o deputado reage "a cada fato novo" que surge no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato.

Em depoimento à Justiça Federal, o lobista e delator Júlio Camargo disse ter pagado a Cunha, em 2011, propina de US$ 5 milhões por contratos com a Petrobras, em denúncia revelada na quinta-feira.

A posição do presidente da Câmara, afirma a fonte do PMDB do Rio, é considerada como o rompimento de um deputado, senador ou político qualquer da sigla, que já tem outros dissidentes em relação ao governo. No entanto, uma decisão do PMDB como um todo, lembra o pemedebista, dependeria da convocação de instâncias partidárias superiores, como o conselho político, que reúne cerca de 60 pessoas e é composto pelos governadores, pelos presidentes dos diretórios estaduais e pelos integrantes da Executiva nacional.

Cunha teria tentado, sem sucesso, arrastar outros caciques do PMDB para fora do governo nas últimas duas semanas. E mesmo entre os deputados federais - onde tem mais influência - o apoio recebido foi modesto. De modo vago, a nota da bancada divulgada, na sexta, afirma que o colegiado só se reunirá depois do recesso parlamentar para tomar uma decisão sobre o rompimento. E talvez, até lá, nem haja necessidade de definição. "Se fosse para respaldar, teria sido no mesmo dia. [A bancada] Deixou o Cunha sozinho", afirma a fonte.

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