terça-feira, 18 de agosto de 2015

Aécio provoca governo e diz que PSDB não será protagonista do desfecho da crise

• Senador tucano afirmou que 'não dormiria tranquilo se fosse governo' diante das manifestações do último domingo

Irany Tereza e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Um dia após participar pela primeira vez das manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB) disse que a legenda não estará longe do “jogo”. “Não vamos apressar o jogo, mas tampouco vamos estar distantes disso”, afirmou. Para ele, a renúncia de Dilma, defendida ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma alternativa, mas não depende do PSDB. O senador vê três caminhos para o desfecho da crise: renúncia, impeachment ou cassação do diploma.

Qual o motivo de sua adesão agora às manifestações?

O que fizemos nas primeiras manifestações foi permitir que ficasse claro que elas não eram, nem deveriam ser, organizadas por partidos políticos, em especial pelo PSDB, que já havia disputado a eleição com a presidente da República. Mas chega um momento que é preciso ter uma convergência com as ruas.

Então o PSDB vai encampar este movimento?

Está havendo convergência, inclusive com a compreensão das lideranças dos movimentos. Qualquer que seja o desfecho dessa gravíssima crise, passa pela política representativa, pelo Congresso, pelos tribunais. Houve uma contundência maior na defesa das instituições. As manifestações de domingo tiveram duas características que as diferenciam das outras: um foco muito claro na presidente Dilma e no ex-presidente Lula, e um foco na proteção das instituições, como TCU e TSE. Esse é um alerta que devemos ter permanentemente: é preciso que os tribunais trabalhem com isenção e profissionalismo para evitar qualquer tipo de constrangimento e levar à condenação ou absolvição com base na legislação, e não em acordos políticos.

O impeachment pode ocorrer?

Eu não dormiria tranquilo se fosse o governo com a força dessas manifestações. Não se pode fazer contabilidade, foi maior ou menor. Foram muito representativas. Esse despertar do Brasil é definitivo. O que temos que fazer é garantir, segundo reza a Constituição, que todos os que cometeram equívocos e delitos respondam por eles.

As próximas manifestações terão caráter político-partidário?

Eu não diria partidário, mas sempre será político, porque, quando multidões se reúnem em períodos tão curtos, é claro que é uma movimentação política. Há uma consciência dos líderes desses movimentos de que é preciso esse encontro para se estabelecer essa agenda de fazer com que os tribunais funcionem. Não vamos apressar o jogo, mas tampouco vamos estar distantes disso, que foi extraordinário.

Fernando Henrique pediu a renúncia de Dilma. O sr. concorda?

O presidente FHC disse algo relevante: o governo é legal, mas é ilegítimo. (A renúncia) É uma alternativa que se coloca. Mas não temos varinha de condão para decidir que vai ser este ou aquele o desfecho. Nós, do PSDB, não escolhemos o desfecho desta crise, queremos que seja superada o mais rápido possível e esperamos que a Constituição decida o melhor caminho.

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