sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ministros defendem que Dilma reconheça erros publicamente

• Presidente convocou reunião de emergência e pediu estratégia contra a crise antes dos protestos do dia 16

• Comando do PMDB e líderes aliados avisaram ao governo que bancadas estão incontroláveis

Marina Dias, Andréia Sadi - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Instados pela presidente Dilma Rousseff a encontrar alternativas para conter a crise política até o dia 16, quando protestos contra o governo estão convocados em todo o país, três ministros ouvidos pela Folha defenderam que a petista faça uma declaração pública reconhecendo erros cometidos durante sua gestão.

O pedido da presidente foi feito durante reunião de emergência convocada por ela com ministros do PT. O diagnóstico é que, se nada for feito antes dos protestos, há risco de a situação tornar-se irreversível. Não há, no entanto, consenso sobre o que fazer.

As soluções debatidas no governo implicam custos. Uma das alternativas citadas foi a de diminuir o tamanho da Esplanada. Mas reduzir cargos também significa diminuir o poder de barganha que o governo tem para negociar com os partidos políticos apoio no Congresso.

Segundo relatos de quem participou do encontro, ministros não falaram abertamente sobre o risco de um pedido de impeachment, mas, nos bastidores, nenhum deles descarta o cenário.

Nesta quinta, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), limpou a área regimentalmente para a apreciação das contas de 2014 de Dilma, que deverão ser rejeitadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

Diante desse cenário, considerado "sombrio" por vários integrantes do governo, Dilma convocou uma nova reunião, provavelmente no domingo (9).

A reunião de Dilma com os ministros ocorreu um dia depois de o vice-presidente Michel Temer (PMDB) admitir a gravidade da crise publicamente e dizer que poderia "reunificar o país".

Além disso, pesquisa Datafolha publicada nesta quinta (6) mostra que Dilma é a presidente mais impopular desde o início da avaliação, em 1990: apenas 8% dos ouvidos aprovam o seu governo.

Na madrugada desta quinta (6), para completar, o governo sofreu derrota acachapante na Câmara. Até o PT votou em favor de uma "pauta bomba" que prevê aumento de gastos com servidores.

Antes do encontro com os ministros, a presidente recebeu Temer, que na quarta (5) telefonara a ela antes de dar a declaração pública dizendo que poderia reunificar o país. No telefonema, ele disse que iria pedir "união de todos". Dilma assentiu. Para ministros, a fala acabou "passando do ponto".

Na reunião desta quinta, Temer reiterou a Dilma que seu objetivo era o de transferir responsabilidade da crise para o Congresso. O comando do PMDB e os demais líderes aliados já avisaram o governo que as bancadas estão incontroláveis na Câmara.

A aposta, por isso, deverá se concentrar na tentativa de aproximação com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que se encontrou com Dilma nesta quinta. Ele e Cunha culpam o governo pelo que chamam de influência sobre o Ministério Público, que os investiga na Lava Jato.

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